Os portugueses não se mostram sensíveis à redundância que pode constituir uma expressão «o "El Mundo"», porque se estão a referir um jornal que se intitula "El Mundo", ignorando a sua composicionalidade (isto é, a análise gramatical dos seus elementos constituintes). Isto também pode acontecer com outros jornais em francês ou inglês: «o "Le Monde"»; «o "The Independent"» (embora neste caso também se diga «o "Independent"»). Claro está que com jornais portugueses o mesmo não acontece diz-se «comprei "O Independente"» (não se diz *«o "O Independente"»).
Quanto a "ETA", o uso consagrou a forma com artigo, provavelmente porque está implícita a ideia de organização. Assim, diz-se e escreve-se «a ETA», isto é, «a organização (que se chama) ETA». Repare que, penso que à semelhança do catalão, o português europeu usa o artigo definido com substantivos próprios, e estende o seu emprego a siglas e acrónimos e, ao que parece, títulos estrangeiros, mais do que o espanhol e talvez que o galego. Desconheço a existência de uma regra explícita que impeça o uso de artigo com siglas, acrónimos e títulos estrangeiros que incluam o artigo na língua original.