Uma observação antes de responder: A crase não é coisa que se use, porque a crase é a contracção que fazemos, quando falamos, da preposição a com o artigo definido a, com o pronome a ou com o a inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo. Sendo a crase uma contracção de duas vogais, não é coisa que se use; é, sim, um fenómeno fonético que se opera, e que nós marcamos na escrita com um acento grave. Exs.: Amanhã não vou àsaulas. Já entreguei o livro àquela pessoa de que me falaste. Prefiro esta mala à que tu me deste. À tarde não vou passear. Porque não respondeste àquilo que te perguntei ontem à noite? O que se usa não é a crase, mas o acento grave para marcar a crase. Não se confunda fenómeno fonético com acento grave. Nas três frases apresentadas, há crase bem evidente. Não é preciso para nada o nome da entidade que aprova. Mais ainda: Como a crase é aqui a contracção da vogal a + a, toda a gente vê que tal contracção tem como resultado o a aberto, que na escrita se representa assim: à. Vejamos, pois, como seriam as frases sem haver crase. É claro que não vale a pena escrever aqui as frases completas: a) submeter a a aprovação... b) submeter a a aprovação ou autorização... c) submeter a ahomologação... Os dois aa contraíram-se e daí resultou um a aberto que se escreve com acento grave: à. O primeiro a é uma preposição; O segundo a é o artigo definido feminino do singular. Isto percebe-se melhor, se substituirmos o substantivo feminino (aprovação, autorização, homologação) por um substantivo masculino. Podem ser, por exemplo, os seguintes: poder, domínio, governo, mandato, estado. Teremos sem contracção, isto é, a (preposição) + o(artigo definido masculino): a) submeter a o poder -> submeter ao poder; b) submeter a o governo -> submeter ao governo; c) submeter a o estado -> submeter ao estado. A crase é a contracção de duas vogais idênticas. Assim, por exemplo, a palavra ter provém da antiga forma teer. Deu-se a crase dos dois ee e daí proveio a forma actual ter. Em àquele há também contracção: d) Dei um livro a aquele aluno -> Dei um livro àquele aluno. A crase não é, pois, o acento grave, como há quem julgue. O acento apenas marca a crase.