Pergunta:
É certo falar «se eu fosse de carro, teria chego mais cedo»?
Resposta:
De um ponto de vista normativo, a frase que apresenta não é correta, dado que chego não é o particípio passado do verbo chegar. O particípio passado do verbo chegar é chegado.
Não obstante se assinalar apenas uma forma de particípio passado do verbo chegar, existe um grande número de verbos com duas formas de particípio passado, tradicionalmente conhecidos por verbos abundantes. Os verbos abundantes, de acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra na Nova Gramática do Português Contemporâneo (3.ª ed., p. 441), são verbos que «possuem duas ou mais formas equivalentes (…)», e essa abundância «ocorre apenas no particípio, o qual, em certos verbos, se apresenta com uma forma reduzida ou anormal ao lado da forma regular»¹.
Uma primeira forma, dita regular, correspondente à terminação -ado (verbos da 1.ª conjugação, como achar, acabar, encontrar…) ou -ido (2.ª e 3.ª conjugações, como comer, beber, partir…). Em relação à segunda forma, irregular, Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa (37.ª ed., p. 229), observa que esta forma é «proveniente do latim ou de nome que passou a ter aplicação como verbo, terminado em –to, -so ou criado por analogia com modelo preexistente». A título de exemplo temos matar (matado e morto), prender (prendido e preso) e imprimir (imprimido e impresso).
Como referimos, o verbo chegar é um verbo cujo particípio passado é regular. Pese embora esta regularidade, assinale-se que a...