Pergunta:
Muito bom ter este oásis em que sábios, em sua plêiade, respondem a questões de português. Parabéns! Hoje, para economizar e-mail, tenho três perguntinhas básicas:
1 – Em «Será muito bom se você passar na prova», o se é integrante, ou condicional? Por quê?
2 – Em que casos o se não pode vir antes de infinitivo? Por quê?
3 – Em «Não é bom se dizer ao chefe a verdade», o se é integrante, ou apassivador? Por quê?
Muito grato!
Resposta:
1 – Duas notas enquadradoras:
a) De acordo com Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 584, as conjunções integrantes «servem para introduzir uma oração que funciona como SUJEITO, OBJETO DIRETO, OBJETO INDIRETO, PREDICATIVO, COMPLEMENTO NOMINAL ou APOSTO de outra oração». Acrescentam os referidos investigadores que, «quando o verbo exprime incerteza, usa-se se».
b) Maria Helena Mira Mateus e outros, Gramática da Língua Portuguesa, p. 700, deixam bem claro que «as orações subordinadas adverbiais não são argumentos do predicado principal e [têm] o estatuto de adjunto». Na mesma linha de raciocínio, o Dicionário Terminológico (DT - DOMÍNIO B.4: SINTAXE) relembra que as orações subordinadas adverbiais desempenham «a função sintáctica de modificador da frase ou do grupo verbal».
Deste modo, e tendo em conta as reflexões propostas, podemos concluir que, no enunciado «Será muito bom se você passar na prova», a partícula se é integrante, pois a oração por ela introduzida desempenha a função sintática de sujeito – «[Isso] será muito bom»; «[O facto de você passar na prova] será muito bom» – , funcionando, portanto, como argumento externo do predicado principal.
Repare-se, agora, por exemplo, na seguinte frase: «Se não estudares, não farás a cadeira em julho.» Neste caso, a partícula se é um conector condicional, sendo que a oração subordinada adverbial condicional «Se não estudares» funciona, sintaticamente, como um modificador, já que a sua presença não é obrigatória para garantir a gramaticalidade da frase [=«Não farás a cadeira em julho»].