Paulo J. S. Barata - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Paulo J. S. Barata
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Paulo J. S. Barata é consultor do Ciberdúvidas. Licenciado em História, mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares. Tem os cursos de especialização em Ciências Documentais (opção Biblioteca e Documentação) e de especialização em Ciências Documentais (opção Arquivo). É autor de trabalhos nas áreas da Biblioteconomia, da Arquivística e da História do Livro e das Bibliotecas. Foi bibliotecário, arquivista e editor. É atualmente técnico superior na Biblioteca Nacional de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Há alguma diferença entre epíteto e cognome? Posso dizer que «o Conquistador» é o epíteto de D. Afonso Henriques, ou devo dizer apenas que é o cognome de D. Afonso Henriques? Há alguma regra que obrigue ao emprego da palavra epíteto ao invés de cognome, ou é apenas uma questão de opção?

Muito obrigada.

Resposta:

As expressões epíteto – do grego epítheton, pelo lat. epithĕton ou epithĕtum, i – e cognome – do latim cognomen, -inis – são sinónimas. Epíteto e cognome são nomes ou expressões acrescentadas aos nomes. Isto é o que grande parte dos dicionários regista e a língua em ato chancela, como o atesta no mesmo texto este exemplo recente:

«Habituámo-nos a esta guerra de números, como se fosse normal não se apresentarem valores sindicáveis da adesão a uma greve que ostenta o epíteto de "geral"» […] Podendo-se desde logo questionar se a greve, geral ou particular, ainda faz sentido como única "forma de luta" das chamadas classes trabalhadoras, parece inevitável concluir que só se deve convocar uma greve geral quando estão criadas as condições para que mereça o cognome (Fernanda Câncio – "E sindicar a greve?", Diário de Notícias, 25 de novembro de 2011).

Apesar disto, cognome parece ser sobretudo utilizado para qualificar nomes próprios. Facto a que não será alheio o uso originário da palavra. É que na Roma antiga o cognome era o nome de família. Ao passo que epíteto se usa de forma alargada e indiscriminada em nomes próprios e comuns. Epíteto assume-se como um qualificativo que se adiciona a um nome para melhor o definir. Na literatura, por exemplo, distinguem-se os epítetos de natureza, permanentes, imutáveis – como «mar salgado» – dos epítetos de circunstância, que caracterizam estados passageiros, transitórios – como «mar revolto». Ainda que também se use epíteto para qualificar nomes próprios como o atesta Camões, no canto X de

Pergunta:

Gostaria de saber se o apelido Canto e Castro é composto.

Resposta:

Os apelidos* compostos são apelidos em que o primeiro e o segundo nomes possuem uma relação gramatical direta entre si e que assim se constituíram originariamente. É o caso de Castelo Branco ou Paço de Arcos, no que se refere a apelidos derivados de topónimos, Espírito Santo ou Santa Rita, no que se refere a apelidos derivados de nomes religiosos, ou outros, como Corte Real, em que o segundo elemento claramente qualifica o primeiro e assim se constituiu originalmente. Os apelidos compostos não são formados a posteriori através de relações de casamento. Por esta via, apenas se adquirem e se transmitem se assim já estiverem formados.

São também apelidos compostos alguns nomes derivados de alcunhas, tais como Mil Homens ou Todo Bom, ou aqueles que resultam de uma relação de parentesco direta, em que há um segundo elemento que é aposto ao primeiro e que diretamente o qualifica, casos de Cartaxo Júnior ou Portela Filho.

Em todos os casos, os dois elementos formam uma unidade reconhecível. No caso que refere – Canto e Castro – não há qualquer relação gramatical direta entre os dois nomes que os constituem como unidade inicial, parecendo ter-se formado por via familiar e, como tal, não caber no conceito de apelido composto. Isto apesar de o uso ter generalizado a referência conjunta aos dois apelidos, o que, aliás, também acontece em muitos outros casos, sem que tal faça deles apelidos compostos.

* Sobrenomes no Brasil.

«Alguns destes palcos persistiam até agora e as pessoas capazes de abandonar o que quer que seja para se entregarem à jihad atingem hoje dezenas de milhar, rumando à Síria e ao Iraque».

Expresso, Primeiro Caderno, 9 de agosto de 2014, p. 38.

Um item, dois itens...

«Os items variam entre relógios de marcas de luxo a garrafas de Whisky de 20 a 30 anos».

Diário de Notícias online. DNPolítica, 5 de setembro de 2014 ).

 

(...)

Sansão mas sem Dalila…

 

 

«Presidente russo considera provocação as sansões económicas decretadas pela Europa».

A Bola, 2 de setembro de 2014, p. 37.