Pergunta:
Gostava de saber a vossa opinião a respeito de uma certa M. T. Piacentini, professora de português, que, num site brasileiro dedicado à gramática da língua portuguesa, dá o seguinte exemplo de infinitivo pessoal:
«Ficaremos mais satisfeitos a cada novo produto que fabricarmos.»
Cá, em França, entre os nossos estudantes, confundir o infinitivo pessoal com o futuro do conjuntivo é considerado erro de palmatória.
E lá?
Resposta:
Na frase citada é, efectivamente, utilizado o futuro do conjuntivo, e não o infinitivo pessoal. A confusão adveio, certamente, do facto de se tratar de um verbo regular, pois nos verbos regulares as formas dos dois tempos são iguais, o que pode levar a erros em pessoas menos conhecedoras. Pelo contrário, em muitos dos verbos irregulares, as formas do infinitivo pessoal e do futuro do conjuntivo são diferentes, pelo que pode evitar-se tal confusão nos alunos sugerindo-lhes que substituam o verbo em análise por um irregular cujo futuro do conjuntivo não lhes ofereça dúvidas (por exemplo, o dos verbos ser, ter, fazer, trazer, ir).
Na frase que apresenta («Ficaremos mais satisfeitos a cada novo produto que fabricarmos»), se se substituir o verbo fabricar por ter, por exemplo, de imediato se verifica que não se trata do infinitivo pessoal. As formas do infinitivo pessoal do verbo ter são ter (eu), teres (tu), ter (ele), termos (nós), terdes (vós), terem (eles), enquanto o futuro do conjuntivo é eu tiver, tu tiveres, ele tiver, nós tivermos, vós tiverdes, eles tiverem. Ora, nesta frase, fabricarmos pode ser substituído por tivermos (futuro do conjuntivo), e não por termos (infinitivo pessoal).
Apresento alguns quadros com as formas do futuro do conjuntivo e do infinitivo pessoal em verbos regulares e irregulares, para esclarecimento de uma eventual dúvida de algum consulente. Um modo de ensinar estas formas verb...