Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

«Quando a gente confia, arrependemo-nos quase sempre», escreveu Joaquim Letria, na sua coluna diária do jornal “24 Horas” de 24 de Outubro p.p.

Com o termo «a gente», os verbos dependentes (“confiar” e “arrepender-se”) têm de ir para a 3.ª pessoa do singular: «Quando a gente confia, arrepende-se quase sempre»” Se se quiser subentender o sujeito “nós”, então, ambos os verbos deverão ir para a 1.ª pessoa do plural: «Quando confiamos, arrependemo-nos quase sempre.» 

Melhor ( comparativo de bom) e mais bem (comparativo de bem) continuam com as voltas trocadas…na televisão portuguesa. Dois (maus) exemplos recentes:

«Os próprios trabalhadores da PT são os primeiros a querer que a empresa progrida, seja melhor gerida (...).»

«Na luta pelo título [da Fórmula 1], Fernando Alonso está melhor classificado e, por agora, a situação parece correr a favor do piloto espanhol.»

Numa e noutra frases, errou-se no emprego do melhor – em vez do mais bem

     Judite de Sousa, “Telejornal”, RTP-1, 22 de Outubro p.p., sobre o mau tempo em Portugal: «O Porto é um dos onze distritos que está em alerta laranja».
     O verbo deveria ter ido para o plural («O Porto é um dos onze distritos que estão em alerta laranja»), pois a expressão «um dos» + substantivo + que leva o verbo para o plural. No caso, o sujeito de «estar em alerta» são os onze distritos: há onze distritos que estão em alerta e o Porto é um deles.

     Cf. Sou um dos que dizem

Ainda o modismo «É suposto...»

Frase do jornalista e crítico de televisão, Miguel Gaspar, indagado no programa "A Voz do Cidadão" na RTP-1, no passado dia 21 de Outubro: (...)

A palavra latina “defice” há muito que se encontra aportuguesada, na feição natural da nossa língua: défice – é assim que se recomenda na sua prosódia. Foi o que não se ouviu ao que se ouviu ao secretário de Estad...