Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Antes de mais, parabéns pelo regresso. Sem este ‘site’, as dúvidas manter-se-ão.
Agradecia que me esclarecessem sobre o seguinte: a palavra "escolaridade" pode ser considerada derivada de "escola", ou da palavra "escolar", como, aliás, aparece no dicionário?
Obrigado.

Resposta:

Obrigada pelas suas gentis palavras.
No latim existia o substantivo schola, ae – proveniente do grego schole – e o adjectivo scholaris, e, formado já no latim a partir do referido substantivo. Estas palavras evoluem para as portuguesas escola e escolar. A palavra escolaridade deriva, assim, de escolar. É um dos casos de formação de substantivos a partir de adjectivos por meio do sufixo -idade (do latim -itate), que traduz a ideia de qualidade, propriedade, estado ou modo de ser.

Pergunta:

Desempenho as funções de Especialista Superior na Carreira de Apoio à Investigação e Fiscalização do SEF (MAI) e gostaria de saber como se conjuga o verbo explodir no presente do indicativo, já que tenho dúvidas em relação à primeira pessoa do singular.
Grata pela atenção dispensada.

Resposta:

No presente do indicativo, o verbo explodir conjuga-se assim: eu expludo, tu explodes, ele explode, nós explodimos, vós explodis, eles explodem.

N. E. – Como observa Maria Helena de Moura Neves, em Guia de Uso do Português (São Paulo, Editora UNESP, 2003), «[t]radicionalmente se indica [explodir] como verbo defectivo que só se conjuga nas formas em que, depois do D, há E ou I, o que significa que não existem formas como explodo ou exploda [...]». Esta era a doutrina a do gramático normativista português Vasco Botelho de Amaral, que considerava que «a explodir repugnam as formas com a ou com o após o d» (Grande Dicionário das Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, 1958); e acrescentava: «Explodo não se diz. Expludo não deve dizer-se.» Contudo, esta perspetiva não era consensual, como bem documenta o registo que, passados alguns anos, Rebelo Gonçalves fez de expludo e expluda no seu Vocabulário da Língua Portuguesa, publicado em 1966; nesta obra, as referidas formas estão marcadas com um asterisco, de modo a indicar que se trata de formas teóricas, suscetíveis de uso efetivo e não reprovável. Atualmente, no português de Portugal, verifica-se que são aceites a 1.ª pessoa do presente do indicativo expludo bem como expluda e as restantes formas do paradigma do presente do conjuntivo  (ver Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, na I...

Pergunta:

Sou Técnico Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro – Brasil.
Gostaria de saber se há erro no uso de "após", na seguinte frase, ou deveria ser "depois"?
"...a citação trazida aos autos notícia que somente após estabelecido o vínculo empregatício com o banco..."
Muito obrigado.

Resposta:

Não há erro. Após é sinónimo de depois de.
A passagem poderia ser assim escrita:
a) "...a citação trazida aos autos noticia que somente após estabelecido o vínculo empregatício com o banco..."
b) "...a citação trazida aos autos noticia que somente depois de estabelecido o vínculo empregatício com o banco..."

Pergunta:

Gostaria de saber se existe outra grafia possível para a palavra "cê-cê" (cheiro de corpo), pois já deparei com a forma "cecê", que pode significar uma variação brasileira do pronome você.

Resposta:

No Dicionário Novo Aurélio Século XXI, está registado cê-cê como termo brasileiro que significa “cheiro de corpo” e cecê como pronome, variante de “você”.

Pergunta:

Gostava de saber qual a denominação atribuída a textos encadeados nos quais a última palavra de uma frase ou verso é a primeira da frase ou verso seguinte.

Resposta:

Creio que pretende referir-se ao “leixa-pren”, artifício poético medieval que consistia em começar uma estrofe pela palavra ou frase em que terminara a estrofe anterior.