«Se [José Leite Vasconcelos – que estudou a dialetologia e a glotologia portuguesa, elaborando um mapa com as suas variantes, em finais do século XIX] vivesse hoje, confrontar-se-ia decerto com uma nova variedade fonética, que despontou nas últimas décadas pelos territórios da província audiovisual-desportiva e alastrou célere ao espaço informativo generalista: suspeito que o respeitável erudito o viesse a apelidar de "caixodrês", um "falar" hodierno que emerge da cultura nativa das margens da bacia do Tejo ("homo tagus"), coeva da novel idade geológica do Antropoceno, sucessora do desgastado Quaternário por via da excessiva intervenção humana no corpo do planeta Terra. (...)»