Pergunta:
Apesar de ter dado uma lida prévia em perguntas parecidas, não ficou claro para mim como proceder. Por favor, gostaria que esclarecessem:
Depois de ponto de exclamação ou de interrogação, quando o pensamento não estiver inteiramente completo ou quando se seguir uma oração de narrador, usa-se letra maiúscula ou minúscula? Exemplos:
«Que é isso? você enlouqueceu?»
«No mundo tereis tribulação, mas, coragem! eu venci o mundo.»
«Que paisagem linda! exclamou Pedro.»
«Que você dizia? indagou Lúcia»?
Ou:
«Que é isso? Você enlouqueceu?»
«No mundo tereis tribulação, mas, coragem! Eu venci o mundo.»
«Que paisagem linda! Exclamou Pedro.»
«Que você dizia? Indagou Lúcia»?
Resposta:
Tanto o ponto de interrogação como o de exclamação são considerados sinais de pontuação que indicam, ao mesmo tempo, a melodia e a pausa. Um e outro são usados, respetivamente, no fim de qualquer interrogação direta e de enunciados de entoação exclamativa, o que pressupõe o término de um discurso. Aliás, já Rodrigo de Sá Nogueira, na sua Guia Alfabética da Pontuação (Lisboa, Clássica Editora, 1973, p. 65) nos indica que «o ponto de exclamação ou de admiração, que graficamente é simbolizado pelo sinal !, e o ponto de interrogação, que graficamente é simbolizado pelo sinal ?, têm na essência o mesmo valor do ponto final, apenas com a particularidade de imprimirem à frase a entoação da exclamação, da admiração, do espanto, da surpresa e a entoação específica de interrogação, de pergunta, de inquirição, respetivamente».
Se partirmos, portanto, do princípio de que a frase que se segue inicia um novo discurso, não há dúvida de que se deve «empregar a letra inicial maiúscula no começo desse discurso» (Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa, 1967), o que se verifica nos exemplos retirados da Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Sá da Costa, 2002), de Cunha e Cintra:
«— Se sai? Já saiu! Não viu os jornais?» (Erico Verissimo, O Tempo e o Vento, 253)
«Estará surdo? Estará a tentar irritar-me? (Sttau Monteiro, Angústia para o Jantar, 101)
«— Ah, é a senhora?! Pois entre, a casa é sua...» (Aníbal M. Machado, Histórias Reunidas, 86)
«— Não vás! Volta, meu f...