Pergunta:
Já está claro para mim que o antigo complemento circunstancial foi substituído pelo termo modificador. Submeto à vossa consideração a análise sintáctica desta frase: «Ontem, o João deu-lhe o livro no café.»
Eis como a analiso:
Sujeito: «O João».
Predicado: «Ontem, deu-lhe o livro no café».
Complemento directo: «o livro».
Complemento indirecto: «lhe».
Modificador (digo “modificador 1”, “modificador de tempo” ou simplesmente “modificador”?): «Ontem».
Modificador (“2”, “de lugar” ou apenas “modificador”?): «no café».
Grata pelo esclarecimento.
Resposta:
A análise sintáctica que faz da frase está de acordo com o que se prevê na nova terminologia linguística em aplicação em Portugal. Com efeito, aí adopta-se para o predicado um comportamento que era já comum relativamente ao sujeito, ou seja, incluem-se no predicado todos os elementos, essenciais ou acessórios, que se liguem ao verbo, da mesma forma que sempre se ligaram ao sujeito os elementos associados ao nome que lhe serve de núcleo.
Quanto ao valor semântico dos modificadores, poderá ser introduzido, se isso facilitar a compreensão dos alunos. Mas importa clarificar, muito bem, que estamos a trabalhar em níveis de análise distintos. Do ponto de vista sintáctico trata-se, tão-somente, de modificadores. Se lhes atribuímos valores, ou sentidos, estamos a associar dois níveis de análise e poderemos correr o risco de os nossos alunos não interiorizarem a existência desses dois níveis distintos. Assim, proponho-lhe que, quando associar os dois tipos de classificação, o refira expressamente, dizendo, por exemplo, que se trata de um modificador com valor semântico de tempo, etc.
Nota da consultora (3/12/2016) – A resposta em apreço mostra algo que será relevante no dia em que alguém se propuser estudar o impacto dos primeiros tempos da TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário), publicada pela Portaria 1488/2004, de 24 de dezembro.
Durante o ano de 2005 e grande parte do ano de 2006, até à