Edite Prada - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Edite Prada
Edite Prada
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Edite Prada é consultora do Ciberdúvidas. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Português/Francês, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; mestrado interdisciplinar em Estudos Portugueses, defendido na Universidade Aberta de Lisboa. Autora de A Produção do Contraste no Português Europeu.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Gostaria de obter informações sobre legibilidade frásica e textual.

Obrigada.

Resposta:

Assumindo que não se refere à qualidade da caligrafia de quem escreve, uma frase ou um texto é legível quando o leitor compreende a sua mensagem.

O grau de legibilidade articula-se directamente com a competência linguística do indivíduo, por um lado, e com o grau de complexidade do texto por outro. Uma frase que é cortada através da introdução de outras frases intercaladas ou com grande quantidade de palavras entre o sujeito e o respectivo predicado pode ser de difícil leitura, ou seja, compreensão. Também o uso de vocabulário pouco usual pode dificultar a legibilidade. Há ainda a ter em conta situações de textos com diversos níveis de descodificação que, numa primeira leitura, veiculam uma mensagem simples, mas que, lidos com mais atenção, se revelam de grande complexidade.

Pergunta:

Os cursos nocturnos são designados por «Cursos pós-laboral». Será que é correcto dizer-se: «Curso laboral», para referenciar aos cursos leccionados no período da manhã ou da tarde nas escolas secundárias e superiores?

À primeira me parece um pouco estranho, contudo fico aguardando vossas sugestões sobre o assunto.

Cumprimentos de Maputo.

Resposta:

Saudações cordiais para Maputo!

Creio que na expressão «Cursos (em horário) pós-laboral» se subentende «em horário», sendo a expressão completa «Cursos em horário pós-laboral». É esta ideia de subentendido que justifica o singular em «pós-laboral»…

A existência de pós facilita a compreensão e permite a omissão da expressão «em horário». O mesmo não acontece em «Curso laboral». Poder-se-ia pensar (com razão, reconheçamo-lo!...) que é um curso em que se trabalha. Por isso, neste caso, creio que não é possível a omissão, e é preciso escrever, ou dizer, «Curso em horário laboral». Aqui, em Portugal, por vezes diz-se, em vez de horário laboral, horário normal, por oposição a horário pós-laboral.

Pergunta:

Na palavra desconfiança, verifica-se ou não a derivação prefixal e sufixal, ou apenas uma delas?

Resposta:

Os fenómenos de prefixação e de derivação não ocorrem, habitualmente, em simultâneo, ou seja, uma palavra que contém um prefixo e um sufixo sofreu, em princípio, duas transformações (derivações) em momentos distintos. No caso de desconfiança, poderemos raciocinar de duas formas, assumindo, por exemplo, que, em primeiro lugar, se formou confiança a partir de confiar, com a associação do sufixo -ança; e que num segundo momento a esta palavra se acrescentou o prefixo des-. Podemos também imaginar que em primeiro lugar se teria formado o verbo desconfiar, por prefixação, e que, a partir deste, teria surgido, com o acréscimo do sufixo, a palavra desconfiança. Em qualquer dos casos, a palavra final contém um prefixo e um sufixo. É, pois, derivada por prefixação e por sufixação.

Pergunta:

Quais são os critérios a que uma frase deve obedecer para ser aceitável?

Obrigada.

Resposta:

Aceitabilidade
A aceitabilidade, contrariamente à correcção, não obedece a regras rígidas, ou claramente fixadas. Ainda que a maioria das frases aceitáveis seja correcta, pode haver situações em que uma frase incorrecta, por não obedecer às normas da gramática, se torne aceitável, por fazer parte, por exemplo, de uma norma regional, ou por ser produto de um desvio estilístico eficaz num dado contexto, muitas vezes literário. Sobre este tema, transcrevo um excerto de um pequeno artigo retirado do endereço http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/desvio.htm:

«Aceitabilidade e desempenho

A aceitabilidade está interligada com o desempenho do falante. Em certos casos, uma construção pode ser aceitável para uma pessoa e inaceitável para outra, porque a primeira tem um domínio melhor do idioma do que a segunda. Um vocábulo inaceitável para uma pessoa pode ser aceitável para outra que possua um vocabulário mais amplo.»

Aconselho igualmente a leitura do texto A Nossa Língua Portuguesa, de Germano de Almeida, publicado na Antologia do Ciberdúvidas.

Pergunta:

Gostaria de saber a origem do nome próprio Dídia.

Obrigada.

Resposta:

Não encontrei qualquer referência à origem de Dídia, mas creio que corresponde ao feminino do nome latino Dídio (Didius).