Pergunta:
Gostaria que me esclarecessem duas dúvidas que me ocorrem na análise da parte "Horas Mortas", do poema O Sentimento dum Ocidental, de Cesário Verde, nomeadamente:
— o significado de «quimera azul» — na estrofe: «O tecto fundo de oxigénio, de ar,/Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;/Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,/Enleva-me a quimera azul de transmigrar»;
— e o significado de «fel», na estrofe: «E, enorme, nesta massa irregular/De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,/A Dor humana busca os amplos horizontes,/E tem marés, de fel, como um sinistro mar!»
Obrigada.
Resposta:
A palavra quimera designa, na mitologia grega, um animal fantástico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente, que deitava fogo pelas narinas. A palavra acabou por significar também o mesmo que sonho. Sendo assim, «quimera azul» ou «sonho azul» são expressões que, entre os românticos alemães, se referem a um ideal, a uma aspiração na arte e na vida.
Fel significa muito simplesmente «bílis», isto é, o líquido amargo que se encontra na vesícula biliar. Metaforicamente, reporta-se também à amargura e à tristeza.