Pergunta:
Sou estudante de Letras Português/Inglês do 3.º período e desde a 8.ª série possuo uma dúvida que nenhum professor soube me responder até hoje, ou quando me respondia pelo pouco que eu já havia pesquisado ficava insatisfeita com a resposta. E agora recorro a vocês para me ajudarem. Bem, vou à pergunta: sempre que nos referimos a um casal, tendemos ao masculino; por exemplo, «mãe e pai» = «meus pais»; «tia + tio» = «meus tios»; «prima + primo» = «meus primos»; «irmão + irmã» = «meus irmãos». Por que somente no caso de avós tendemos ao feminino («avô + avó» = «meus avós»)? Teria isso a ver com plural metafônico, ou estou falando besteira?
Resposta:
Não é besteira. De certa maneira, é um "plural metafónico" como ovos, com ó aberto na penúltima sílaba, que é o plural de ovo, forma do singular, que tem ó fechado na mesma sílaba. Como já expliquei, a rigor, é o singular e não o plural que é metafónico, uma vez que o o da penúltima sílaba se fecha ("ô") por acção de um tipo particular de assimilação (a metafonia), que é devida ao o da última sílaba, pronunciado [u].
O plural avós tem vogal aberta porque é o resultado da forma romance *avolos ou *aviolos (o * indica que se trata de forma não atestada). Na Idade Média, a queda do l intervocálico deu origem a avoos que se contraiu no moderno avós. Avós não é, portanto, o plural de avó mas sim uma forma que evoluiu de um masculino plural. Por conseguinte, apesar das aparências, a forma avós mantém, pelo menos, do ponto de vista histórico, o uso do masculino plural na referência a duas ou mais pessoas de pessoas de sexos diferentes definidas por uma dada relação de parentesco.