Pergunta:
Antes de mais, cabe-me agradecer a resposta que deram à minha questão anterior.
No entanto, decidi voltar a contactar-vos, pois a dúvida que tenho não ficou esclarecida, provavelmente por culpa minha, que não soube pôr claramente a questão.
A escolha da frase que dei como exemplo poderá não ter sido feliz. Essa frase é retirada do livro Pirapato — O Menino sem Alma, de Chico Anes, e foi a única que encontrei na Internet que pudesse ilustrar a minha dúvida. No entanto, como o uso que aí se faz das palavras não cumpre o referido protocolo tradicional, centrou-se aí a vossa resposta.
Não tenho dúvida de que se escrevem com maiúscula ambas as palavras em «Vossa Majestade» ou «Sua Alteza». A minha questão prende-se com a obrigatoriedade do uso de maiúscula nas palavras majestade e alteza fora dessas fórmulas, em situações como as seguintes:
[PRÍNCIPE] – O meu cavalo está pronto?
[CRIADO] – Sim, alteza.
ou
[REI] – Como está o dia lá fora?
[RAINHA] – O dia amanheceu chuvoso, majestade.
É errado usar minúscula nestes dois exemplos?
Antecipadamente grato.
Resposta:
É, porque a minúscula não pode marcar a deferência com que os locutores, as personagens criado e rainha, tratam os seus interlocutores, as personagens príncipe e rei. A maiúscula é que reflecte essa relação no uso de alteza e majestade, quer nas fórmulas «Vossa Alteza» e «Vossa Majestade» quer na simplificação destas, «Alteza» e «Majestade».
Note que na correspondência se recorre às maiúsculas para marcar o respeito que se tem pelo destinatário: «Exmo. Senhor Doutor X.» E numa frase de discurso oficial como «o momento é histórico, Senhor Presidente», escreve-se o vocativo final com maiúsculas iniciais. O mesmo se aplica às palavras majestade e alteza nos diálogos em questão.