Pergunta:
Mais uma pergunta suscitada pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP).
Se bem entendo, o Acordo Ortográfico de 1990, o Acordo Ortográfico de 1945 e o formulário brasileiro de 1943 estabelecem que a letra h só se usa: (i) no início de certas palavras por razões etimológicas (eg. habitar) (ii) no final de algumas raras palavras (eg. ah) e (iii) e nos dígrafos ch, lh e nh.
Assim sendo, gostaria de obter um comentário de um consultor do Ciberdúvidas sobre o fato de o VOLP brasileiro (tanto a recentemente publicada 5.ª edição como a 4.ª edição estão disponíveis em linha) incluir a palavra «bahia s. f.».
Isto está correto? (Assinalo que se trata de palavra com inicial minúscula e não é portanto o nome "tradicional" da cidade da "Bahia".)
Resposta:
A grafia bahia está de facto registda na 5.ª edição do VOLP. Resta saber:
a) se é grafia alternativa a baía, «recôncavo no litoral», uma vez que temos Bahia com h;
b) quer seja baía a palavra representada quer não, se é legítimo usar um h em meio de palavra que é substantivo comum.
A resposta a estas questões é:
1. Em relação a a), não parece variante de baía «recôncavo no litoral», mas, sim, segundo o Dicionário Houaiss, «design[ação] comum às plantas do gên[enero] Bahia, da fam[ília] das compostas, com 13 s[ubes]p[écies] nativas do Sudoeste dos EUA, México e Chile». A palavra surgiu como termo do latim científico Bahia, e este, por sua vez, tem origem no topónimo Bahia.
2. Quanto a b), o problema é semelhante ao de fúcsia, que tem uma variante, fúchsia, com ch pronunciado como [k], porque deriva do nome próprio estrangeiro Fuchs. Em relação a bahia, dado tratar-se de substantivo comum não derivado de nome próprio (cf. Acordo Ortográfico de 1990, Base I), parece-me haver um paradoxo: a palavra tem h medial como se fosse derivado de nome estrangeiro (por exemplo, bahaísmo de BaháAlláh ou Bahá-ullah, «Glória de Deus», em árabe). Mas Bahia não é um nome estrangeiro; é uma peculiaridade que s...