Pergunta:
Deparei-me recentemente com uma dúvida relativa ao nome que se deve dar à República da China (não confundir com República Popular da China), se Taiwan, se Formosa.
Li em vários artigos do Ciberdúvidas onde se defende a opção Formosa por ser a palavra em português, nome atribuído pelos Portugueses quando chegaram à ilha em 1516.
Mas permitam-me que coloque as seguintes questões:
Por que motivo se há-de chamar Formosa, quando o país se chama Taiwan? Acaso o Sri Lanka também se chama Ceilão? Ou o Myanmar se chama Birmânia?
Porquê manter um nome que não é manifestamente o usado pelo povo desse país, independentemente de este ser ou não reconhecido pela República Popular da China?
Não vejo aqui razão para saudosismos quinhentistas, pois sou da opinião que acima das palavras que adoptamos para a nossa língua, deve estar o respeito (quer se concorde ou não) com a origem e proveniência das mesmas.
Continuação do bom trabalho.
Resposta:
Fica aqui expressa a opinião do consulente, que respeito. No entanto, farei três considerações:
1.ª Se aceitamos a forma Taiwan, com o argumento de que este é o nome do país em apreço na língua que aí tem estatuto oficial ou maioritário, então teremos também de aceitar Zhōngguó como nome da República Popular da China, porque é assim que este país se chama em mandarim. Ou para apenas fazer referência ao espaço da União Europeia, teríamos de aceitar igualmente Deutschland, para não dizer Alemanha, Magyarország, em lugar de Hungria, Suomi em vez de Finlândia, ou Elláda, a substituir Grécia. Não estou a dizer que não se possa usar Taiwan; só quero mostrar que é frequente que um país seja conhecido por nomes diferentes em línguas diferentes.
2.ª O nome Formosa surgiu realmente na época de ouro do Império Português, na primeira metade do século XVI (ver Textos Relacionados). Usar a palavra Formosa pode ser quinhentismo ou colonialismo serôdios, mas, nessa perspectiva, receio que empregar Alemanha (palavra atestada desde o século XIII) possa ser medievalismo ultrapassado, e que a palavra Grécia reflicta a arrogância dos conquistadores romanos, que preferiram ignorar a forma helénica. E será que pronunciar Egipto é sinal de eurocentrismo, uma vez que,...