Pergunta:
Não percebo por que motivo não se grafa o e com acento [na palavra pletora], mas que se grafa, grafa.
Antes do Acordo Ortográfico de 1945, escrevia-se indevidamente com c (plectora), quando o étimo (plēthōra) o não reconhecia.
Podeis explicar-me por que esta proparoxítona não é acentuada?
Por tradição ou por outra insondável razão?
Mais uma vez, parabéns pelo excelente serviço público que prestam.
Resposta:
A palavra não é proparoxítona, mas, sim, paroxítona, porque mantém a acentuação do étimo grego, que é plēthō´rē,ēs1, «plenitude, superabundância, fartura, donde saciedade» e, como termo da medicina, «superabundância de sangue ou de humores», com acento tónico na penúltima sílaba.
Em português, já se escreveu "plectora" sem justificação etimológica. Com efeito, Rebelo Gonçalves, no seu Tratado da Ortografia da Língua Portuguesa (Coimbra, Editora Atlântida, 1947, pág. 88, n.º 1), comentou uma vez:
«Distinga-se de corrector, "o que corrige", corretor, "agente comercial", "inculcador". Esta última forma, notamo-lo de passagem, é do número de várias em que às vezes se intromete sem razão um c antes de t: obstectrícia, em vez de obstretícia; plectora, em vez de pletora; ractificar, em vez de ratificar; rectaguarda, em vez de retagurada; etc.»
Quanto ao acento, há realmente uma variante não recomendada, "plétora". Esta encontra equivalente no espanhol normativo plétora (ver dicionário da Real Academia Espanhola), palavra sobre a qual encontro um comentário na Internet (uma página do jornal ABC, edição de Sevilha, de 24/01/1991, pág. 48) que me parece lançar luz sobre a refe...