Pergunta:
Gostaria de saber se vinicius, com as novas regras de ortografia, tem acento ou não?
Obrigada.
Resposta:
Mantém um acento, como palavra proparoxítona que é: Vinícius (com maiúscula inicial, porque é nome próprio).
Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Linguística pela mesma faculdade e doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacado para o efeito pelo Ministério da Educação português.
Gostaria de saber se vinicius, com as novas regras de ortografia, tem acento ou não?
Obrigada.
Mantém um acento, como palavra proparoxítona que é: Vinícius (com maiúscula inicial, porque é nome próprio).
Seria possível dizerem-me palavras que se integrem no campo lexical (vocabulário) de bosque e lago?
Na pergunta fica-se um pouco na dúvida sobre o que se pede:
a) palavras do campo lexical1 que abrange bosque e lago?
b) ou pretendem-se, por um lado, palavras que pertençam ao campo lexical de bosque e, por outro, palavras que façam parte do campo lexical de lago?
Se a), podemos ter clareira, rio, animal, e as próprias palavras bosque e lago, porque se depreende que o campo lexical em questão seja o de um determinado espaço natural, por exemplo, uma reserva florestal ou um parque.
Se b), árvore, animal, esquilo, ave podem ser designações de elementos que se relacionam com a noção de bosque; as palavras lago, rio ou cascata também poderão fazer parte desse campo lexical. Quanto ao campo lexical de lago, é possível associar-lhe as palavras margem, peixe, água, entre outras.
1 Campo lexical: «Conjunto de palavras associadas, pelo seu sig...
Outro dia, eu estava pensando na seguinte frase: «Eu o considero como quem não presta», para mim, sintaticamente semelhante a «Eu o considero como amigo». O que me assustou foi a análise sintática que fiz (não contemplada por nenhum gramático, pelo que sei). Assim como «como amigo» exerce função sintática de predicativo do objeto direto, também ocorre a mesma análise para a oração «como quem não presta». Faz sentido classificar a oração «como quem não presta» como oração subordinada substantiva predicativa do objeto direto justaposta ou simplesmente oração subordinada adjetiva restritiva justaposta? Não encaro o quem como pronome relativo sem antecedente, mas um simples pronome indefinido, sujeito do predicado «não presta».
Obrigado.
Não existe qualquer problema em uma relativa livre (ver resposta As frases relativas livres ou sem antecedente) desempenhar a função de predicativo do objecto directo. A oração «quem não presta» é uma oração subordinada substantiva relativa introduzida com a função de predicativo do objecto directo. Quem é um pronome relativo sem antecedente.
Assinale-se que as relativas livres ocorrem igualmente como predicativo do sujeito:
«Ele é quem não presta.»
A possibilidade de o predicativo do sujeito ser realizado por uma oração substantiva é referida por Celso Cunha e Lindley Cintra, na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 136), apoiando-se nos seguintes exemplos (o negrito é do original):
1. «A verdade é/que eu nunca me ralara muito com isso» (Maria Judite de Carvalho, [Os Armários Vazios, 2.ª ed., Amadora, Livraria Bertrand, 1978]107).
2. «Uma tarefa fundamental é/preservar a história humana» (Nélida Piñón, [A Força do Destino, 2.ª ed., Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980], 73).
Nestes exemplos, têm função de predicativo do sujeito as orações substantivas completivas, «que eu nunca me ralara muito com isso» (finita) e «preservar a história humana» (não finita). Mas não me parece descabido generalizar a função de predicativo do sujeito e predicativo do objecto directo às orações relativas livres, porque estas são também substantivas.
Gostaria que me ajudassem numa questão sobre o Novo Acordo Ortográfico (NAO). Aqui no Brasil, antes da entrada do NAO, recomendava-se que se utilizasse o trema nalguns vocábulos: cinquentenário; sagui; pinguim; consequência; ambiguidade; unguento; linguística; subsequente; linguiça; cinquenta; equestre; aguentar; sequestrador; sequela; tranquilidade.
Noutros casos era de uso facultativo: liquidações/liqüidações; liquidificador/liqüidificador; antiguidade/antigüidade; sanguíneo/sangüíneo. É, pois, nesses casos, que reside minha dúvida. Segundo o NAO, em sua Base XIV: «Do Trema, 1. O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas.» Nos casos em que era facultativo o uso do trema, e cuja pronúncia, consequentemente, também o era, será suprimida a que levava o trema, ou permaneceram ambas pronúncias, só que sem o trema? Há, ainda, alguns vocábulos mais difíceis ou de uso menos frequente em que estava o trema para ajudar na pronúncia. São eles, dentre outros: ágüe/agüemos, alcagüete, apazigüemos, aqüicultura, argüir, bilingüismo, contigüidade, delinqüência, desmilingüir, enxágüe, eqüidistante, <...
Vale a pena transcrever integralmente a Base XIV do Acordo Ortográfico de 1990 (AO 1990):
«O trema, sinal de diérese[1], é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir, em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para distinguir, também em sílaba átona, um i ou um u de um ditongo precedente, quer para distinguir, em sílaba tónica/tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista, linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3.º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.»
Presume-se, portanto, que o trema desaparece mesmo, não havendo lugar para casos de facultatividade. Mas, para quem tenha dúvidas, a Nota Explicativa do AO 1...
Eu queria saber o significado do provérbio: «Papagaio come milho, periquito leva a fama.»
Obrigada.
Segundo o Dicionário de Provérbios – Francês/Português/Inglês, de Roberto Cortes de Lacerda et al. (Lisboa, Contexto Editora, 2000), o provérbio «Papagaio come milho, periquito leva a fama» é equivalente a outros como:
«O justo paga pelo pecador.»
«Pela abelhas de S. Pedro pagam as de S. Paulo.»
«Todo (o) pássaro come trigo, mas quem paga é o pardal.»
«Todos os pássaros comem trigo, só o pardal tem a culpa.»
Na fonte consultada, interpretam-se estes provérbios pela paráfrase «Acusam-se sempre os mesmos.»
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