Pergunta:
Nos últimos anos, têm-se construido indicadores agregados que sintetizam, num único valor, informações sobre domínios diversos, como: qualificações dos recursos humanos, número de servidores da Internet, número de publicações científicas, investimentos em I&D, projetos de cooperação empresarial, etc. Embora considere que as palavras composto e compósito podem ser utilizadas indiferenciadamente para classificar tais indicadores agregados (tanto mais que essas palavras têm a mesma origem no termo latino compositu), tenho utilizado mais o termo composto para essa classificação, por entender que esta palavra tem uma fonética e uma utilização mais compatíveis com as caraterísticas da língua portuguesa.
Gostaria de conhecer o vosso parecer sobre esta minha opinião.
Obrigado.
Resposta:
Pode empregar compósito, na aceção de «caracterizado pela heterogeneidade de elementos; feito de vários elementos ou partes diferentes», significado que o torna quase sinónimo de composto, apesar de com este adjetivo não se salientar tanto a noção de heterogeneidade. Além disso, o facto de compósito ser palavra transmitida ao português por via erudita – por isso, mantém uma configuração fónica e morfológica mais próxima da latina – não o desvaloriza no confronto com composto, cuja morfologia é mais concorde com os padrões do vocabulário herdado do latim vulgar. Deste modo, não se nota diferença significativa entre entre compósito e composto quando se trata de classificar os indicadores que refere. O uso de um ou outro adjetivo no contexto em apreço será uma decisão da comunidade científica que pretenda definir um termo para tal referente.