Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Será esta a ortografia correcta? "Marcha-atrás"?

Resposta:

Quando se trata de substantivo (nome) com o significado de «mudança na caixa de velocidades que permite a um veículo recuar», a grafia correcta é marcha-atrás, mas também pode dizer, por exemplo, «aquele soldado marcha atrás de todos os outros»; e, neste contexto, escreve-se sem hífen.

Pergunta:

A palavra pode ser usada no feminino e no masculino, ou tem só um género?

Resposta:

A palavra é um substantivo (nome) de dois géneros: o fã, a fã. Trata-se de «indivíduo que tem e/ou manifesta grande admiração por pessoa pública (artista, político, desportista etc.)» ou, por extensão de sentido, «pessoa que tem grande afeição ou demonstra grande interesse por (alguém ou algo)» [fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss].

Pergunta:

O que é humanismo e classicismo?

Resposta:

O humanismo é «movimento intelectual difundido na Europa durante a Renascença e inspirado na civilização greco-romana, que valorizava um saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana» e, por extensão de sentido (em filosofia), «conjunto de doutrinas fundamentadas de maneira precípua nos interesses, potencialidades e faculdades do ser humano, sublinhando sua capacidade para a criação e transformação da realidade natural e social, e seu livre-arbítrio diante de pretensos poderes transcendentes, ou de condicionamentos naturais e históricos [No sXX foi esp. defendido pelo existencialismo sartriano e pelo marxismo ocidental, e rejeitado por Heiddeger e pelos estruturalistas.]». Trata-se ainda de «vasta formação cultural que abrange o conhecimento das obras clássicas e o saber científico».

Quanto ao classicismo, é «qualidade ou caráter do que é clássico» e, em história da arte, filosofia, «doutrina ou tendência (estética, literária, artística, teatral, filosófica etc.) que se funda no respeito da tradição clássica e que tem como características os ideais da Antiguidade greco-latina e, ainda, a noção das proporções, o gosto das composições equilibradas, a busca da harmonia das formas e a idealização da realidade». Trata-se ainda de «época em que os clássicos produziam obras de arte; a época clássica» e, no séc. XIX, «sistema dos partidários exclusivos dos escritores da Antiguidade, ou dos escritores clássicos dos sXVI-XVII».

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

No poema de Cesário Verde De Verão, o que significa a palavra salmejo?

Resposta:

O substantivo salmejo, «acto ou efeito de salmejar», é um derivado do verbo salmejar, «levar para a eira os cereais; acarretar para a eira (o pão)» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Não confundir este verbo com salmejar, variante não preferível de salmear, «entoar salmos; cantar» (Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora).

Pergunta:

Existe o substantivo atesto?

 

Resposta:

O Dicionário Eletrônico Houaiss regista o substantivo (nome) atesto e diz que se trata de «ato ou efeito de atestar» ou «ato de encher o vazio resultante da evaporação, dentro dos cascos que contêm vinho»; e, como regionalismo de Portugal, «tanque cheio de combustível».

Também o Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, acolhe este termo e diz, igualmente, que é «acto ou efeito de atestar (vasilhas)».