Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual a origem e o significado original da palavra almirante?

Resposta:

A palavra almirante vem do «ár[abe] al-mīr "chefe, príncipe" + suf[ixo] român[ico] -ante; f[orma] hist[órica] 1356 almjramte, sXIV almirant, sXV alllmyrante».

Almirante, termo da marinha, é «posto da mais alta hierarquia nas Marinhas de Guerra brasileira e portuguesa [No Brasil, é preenchido apenas em época de guerra]»; «oficial que detém esse posto»; e «chefe supremo das forças navais». Por extensão de sentido e como regionalismo do Brasil, trata-se de «designação genérica dos oficiais-generais da Marinha de Guerra». É, ainda, «antigo posto de segundo-comandante de uma frota, abaixo do capitão-mor».

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

É correto dizer «Vamos comer algo, estou em jejum desde que acordei!»? Ou seria uma forma de pleonasmo ou redundância?

Resposta:

A frase «estou em jejum desde que acordei» é pleonástica, porque o significado corrente de jejum, «estado de quem não come desde o dia anterior», pressupõe o período de repouso nocturno. «Estar em jejum» é, portanto, o mesmo que não ter comido depois de acordar.

Pergunta:

Quanto à sua formação, impossível é: só derivada por prefixação, ou é derivada por prefixação e sufixação?

Resposta:

A palavra impossível vem directamente «do lat[im] impossibĭle-». Assim, não é «derivada por prefixação» ou «por prefixação e sufixação». Significa «que não é possível; que não pode existir; que não pode realizar-se; irrealizável», entre outras coisas.

[Fonte: Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora]

Pergunta:

A minha dúvida é arpejo ou harpejo, em música, claro.

Resposta:

O Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, regista harpejo (termo da área da música), como «deriv[ação] regr[essiva] de harpejar», mas remete-nos para arpejo, o que significa que é o vocábulo preferível. Em relação a harpejar (de harpa + -ejar), significa «tocar na harpa» ou «tocar harpa».

Quanto a arpejo (do it[aliano] arpeggio, "toque de harpa"), trata-se de «execução alternada das notas musicais de um acorde; harpejo».

O Dicionário Eletrônico Houaiss (brasileiro) acolhe os dois termos de forma semelhante: regista harpejo, mas encaminha-nos para arpejo.

Assim, apesar de os dois vocábulos serem aceitáveis, é preferível a forma arpejo.

Pergunta:

Um verbo derivado por prefixação e sufixação cuja palavra primitiva seja pedra.

Resposta:

Temos o verbo empedrar, que deriva de «em- + pedra + -ar». Significa «calçar, revestir ou tapar (estradas, ruas, largos, poços, taludes etc.) com pedras» ou «solidificar-se como pedra; endurecer, pedrar»; numa derivação, por metáfora, ainda quer dizer «tornar(-se) insensível; empedernir-se».

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]