O presidente da Cinemateca Portuguesa e colunista do jornal Público, João Bénard da Costa, recebeu [no dia 2 de Maio de 2008] o Prémio de Crónica João Carreira Bom 2007, que classificou como «uma merecida prenda».
«Costuma-se dizer que os prémios não se agradecem: aceitam-se ou recusam-se. Não sou dessa opinião, nem tenho esse entendimento (…) Em primeiro lugar, um prémio é uma prebenda, uma prenda, e desde que me conheço sempre gostei de receber prendas», afirmou Bénard da Costa na sessão de entrega do prémio, na sede da Vodafone, empresa que patrocina o galardão, no valor de cinco mil euros.
Apesar disso, o cronista admitiu que «receber o Prémio João Carreira Bom foi uma surpresa total», embora «uma boa surpresa».
«Uma surpresa, porque sendo um prémio por crónica jornalística e não sendo eu jornalista nem nunca tendo sido, não estava à espera», observou.
Contudo, revendo o seu trabalho empenhado no jornal universitário, na redacção da revista “O Tempo e o Modo”, de que foi um dos fundadores, mais tarde no jornal “O Independente” e actualmente no “Público”, em que publicou a sua 200.ª crónica, em Maio do ano passado, Bénard da Costa concluiu: «O bicho do jornalismo entranhou-se em mim em muito verdes anos».
E assim, autocaracterizando-se como «jornaleiro ou croniqueiro», agradeceu e aceitou o prémio, dizendo: «Obrigado pela merecida prenda».
Maria José Mauperrin, viúva do jornalista João Carreira Bom, leu uma mensagem do presidente do júri, Urbano Tavares Rodrigues, que não pôde estar presente, em que este classificou João Bénard da Costa «não só como um dos intelectuais que mais sabem de cinema em Portugal e na Europa, mas um profundo conhecedor da literatura e das artes plásticas».
«É um acto de justiça elementar premiar a inteligência e a beleza das suas crónicas recheadas de memórias e de ideias, de múltiplos saberes e de estimulantes convenções», acrescentou.
Além de Urbano Tavares Rodrigues e Maria José Mauperrin, integraram o júri do prémio a presidente e o vice-presidente da Sociedade de Língua Portuguesa, Elsa Rodrigues dos Santos e José Manuel Matias, respectivamente, os jornalistas Fernando Dacosta e Adelino Gomes e, em representação da Vodafone, José Gabriel Viegas.
Instituído pela Sociedade de Língua Portuguesa e pelo “site” Ciberdúvidas, o prémio foi atribuído pelo quinto e último ano consecutivo nestes moldes, no âmbito de um acordo para passar a co-propriedade deste “site” — criado por João Carreira Bom e José Mário Costa — para a Sociedade de Língua Portuguesa.
Foram distinguidos nas anteriores edições os cronistas Eduardo Prado Coelho, Vasco Pulido Valente, Armando Baptista-Bastos e José Manuel dos Santos.
N.E. – Na cerimónia, falou ainda o presidente da Vodafone, António Carrapatoso, cujo patrocínio ao Prémio João Carreira Bom foi determinante para a continuação do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, após o falecimento do seu co-fundador e mecenas, João Carreira Bom. Na sua intervenção, António Carrapatoso recordou o papel de João Bénard da Costa ao longo de cinquenta anos na vida cultural portuguesa e a importância do seu legado para as actuais gerações, quer através da sua actividade jornalística, quer dos seus livros, quer dos cargos que exerceu, na Fundação Gulbenkian ou na Cinemateca Nacional. Salientou, designadamente, o seu forte perfil humanista, presente ao longo de toda a sua obra e carreira. Ler, ainda, aqui, o discurso da presidente da Sociedade da Língua Portuguesa, Elsa Rodrigues dos Santos.
notícia da agência Lusa, de 2 de Junho de 2008