O jornal checo Lidové noviny (LN), na sua edição do dia 2 de junho p.p, deu relevo às iniciativas diplomáticas da República Checa no sentido de uma aproximação ao mundo de língua portuguesa, no seguimento de um pedido formal do Governo de Praga para a concessão do estatuto de observador do país na CPLP. Notícia traduzida na íntegra por Luciano Eduardo de Oliveira.
A língua portuguesa ecoou no palácio Černínský, sede da diplomacia checa. O Ministério dos Negócios Estrangeiros organizou numa das suas salas a conferência Česká republika a lusofonní svět – minulost, současnost a budoucnost (A República Checa e o mundo lusófono – passado, presente e futuro). Falou-se de todos os horizontes temporais. Sobretudo do último: do futuro.
«Para a República Checa é importante expandir contactos, sobretudo fora da Europa, e a CPLP, como uma das grandes organizações regionais que de facto se agrupa ao redor de uma língua, é para nós uma das possibilidades de estabelecer contactos comerciais, económicos e políticos, porque o português no futuro terá um papel ainda maior», disse ao LN Ivan Jančárek, vice-assistente para colaboração extraeuropeia do MZV (Ministério dos Negócios Estrangeiros checo). Acrescentou que a obtenção do estatuto de país observador pode atrair o interesse dos parceiros comerciais pela República Checa.
A verdade é que a República Checa tem representação, dentro da comunidade, apenas com Portugal e com o Brasil. Em parceria com os demais membros (além dos dois já mencionados, também se encontram Timor Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, e Angola), por Praga passava uma série de projetos de investimento, nomeadamente na obtenção de energia e na construção civil.
Um grande golpe ocorreu sete anos atrás com o encerramento da embaixada checa em Angola, país com economia em grande desenvolvimento. Assim se poderá, segundo o Ministério de Negócios Estrangeiros checo, reavivar os laços do passado.
«Na prática o estatuto de país observador significa que a República Checa poderá participar em eventos do mundo lusófono, representado por uma organização que comemora vinte anos de existência e que pode servir como porta de entrada para outras organizações regionais. A organização funciona com base na língua e na partilha de valores semelhantes das antigas colónias portuguesas. A colaboração académica e cultural também é forte, mas concentramo-nos igualmente na colaboração económica, energética e agrícola. Pretende-se construir boas condições para a colaboração», declarou ao LN o secretário-executivo da CPLP Murade Isaac Murargy.
Jornal checo Lidové noviny, de 2/06/2016.