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Dicionário Técnico de Termos Alfarrrabísticos

2.ª edição

Dicionário Técnico de Termos Alfarrrabísticos
Autor(es) Paulo Gaspar Ferreira
Edição In-Libris , 2020

O termo alfarrábio, de acordo com o Dicionário Houaiss,  que segue outras fontes, tem origem no antropónimo árabe al-Fārābi, «nome de célebre filósofo nascido no Turquestão (872- 950), que viveu no século X e glosou Aristóteles (384a.C.-322 a. C., filósofo grego)», acrescentando que José Pedro Machado explica que «a vulgaridade de citação de sua pessoa acabou por depreciar a sua obra, juntando-lhe os conceitos de antiguidade, falta de interesse»1.  O que este pequeno volume lembra e reitera é que, pelo contrário, os livros antigos suscitam sempre interesse, a ponto de os alfarrabistas constituírem uma área do setor livreiro com elevado grau de especialização, que não se compadece com o vocabulário de simples curiosos.

Este livro apresenta-se, portanto, como um breve e útil dicionário de termos alfarrabísticos, destinado a quem por diferentes razões procura os livros antigos, como esclarece o autor, Paulo Gaspar Ferreira, logo ao começo: «A ideia de iniciar o presente trabalho surgiu da necessidade profissional de organizar a terminologia técnica vulgarmente utilizada num meio onde se movem não só os livreiros  antiquários, mas também coleccionadores, bibliófilos, encadernadores, gráficos, etc.». Um prefácio do pai do próprio autor apoia e reforça a justificação desta obra, dando conta do contexto familiar que também a motiva. Mas a breve nota de apresentação na badana, da autoria do poeta Pedro Mexia, desvenda num curto relance o que o livro promete:

«Um "dicionário técnico", sem dúvida, mas também um dicionário amoroso, acervo de palavras que conhecemos bem, de algumas que sabemos quase-quase o que significam e de outras que são uma novidade, entusiasmante como todas as novidades. Os versaletes e os cartapácios (atenção à ortografia), o papel cavalinho e o peixinho de prata, o elegante pé de mosca e o enganador facistol, sem esquecer, noutros idiomas, o confiável vade-mécum e o eclesiástico imprimatur, o ornamental cul-de-lampe e a balzaquiana peau de chagrin. Termos de composição, de impressão, de encadernação e de outras técnicas, alguns arcaicos, mas todos muito vivos para quem frequenta alfarrabistas ou, se for brasileiro, sebos.»

O consulente encontrará ainda a definição de palavras ainda menos habituais, entre eles: entrenervo, «espaço compreendido entre dois nervos da lombada»; maculatura, «folha ou folhas sujas ou mal impressas»;  percalina, «material muito resistente à base de algodão, utilizado no revestimento de algumas encadernações». Um conjunto de ilustração distribuídas ao longo das páginas complementa visualmente a definição de termos como os citados e outros que ganham significação especial entre quem trabalha com livros antigos.

Pena é que esta publicação nem sempre tenha a consistência que seria de esperar de um dicionário, havendo, por exemplo, incoerências no uso de pontos abreviativos e espaços. Mesmo assim, e já com esperança numa próxima edição corrigida, parece que o desafio enfrentado foi ganho – ou não fosse verdade que a obra já vai na 2.ª edição.

1 Cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa.

 


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