Num texto intitulado Para onde vais, Europa?, da autoria de José Rodrigues Branco, publicado na revista Share (dezembro de 2012, p. 24), pode ler-se:
«Não será evidente que os países poderosos lucrarão em função da subserviência dos países que agora são colocados em cheque?»
Ora, embora a expressão «pôr em cheque» tenha acolhimento em alguns dicionários, a expressão correta é indubitavelmente «pôr em xeque». O xeque é uma expressão utilizada no xadrez para designar uma jogada em que o rei, a peça mais importante do jogo, é diretamente ameaçado por uma peça adversária. A palavra xeque provém do árabe xāh, que significa precisamente «ataque ao rei», no jogo de xadrez, por via do persa xāh, que significa «rei». O xeque gerou ainda, no jogo de xadrez, outras expressões, a mais conhecida das quais é o xeque-mate, ou seja, a jogada de ataque decisivo ao rei, em que este fica sem qualquer possibilidade de fuga ou defesa, o que implica o fim da partida, e que etimologicamente provém do árabe xāyh māka, por via do persa xāh māt, que significa «o rei está morto». Por extensão, a expressão «em xeque» é frequentemente utilizada para significar «sob ameaça», «em situação perigosa», «em situação arriscada», «em situação difícil», «em situação prejudicial», «em dúvida».
O que curiosamente acontece com os países colocados em xeque, entre os quais Portugal, e exatamente por essa razão, é que recebem periodicamente uma espécie de «cheque», ou seja, uma ordem de pagamento de determinado valor.
É, pois, mais do que altura para dar um xeque-mate àquele «cheque», esperando que, a breve trecho, Portugal possa deixar de precisar do verdadeiro «cheque»…