Não foi realmente um momento áureo aquele que o político português (PSD) José Luís Arnaut protagonizou no seu comentário semanal na Antena 1 quando, sobre as críticas a um documento da Comissão Europeia sobre o papel do Tribunal Constitucional, referiu:
«E depois toda esta áurea de virgens púdicas e ofendidas relativamente àquela que é, hoje em dia, a vaca sagrada do sistema: o Tribunal Constitucional» (Conselho Superior, Antena 1, 21 de agosto de 2013)
É que o lá deveria estar era aura, no sentido de «fama», «atmosfera que rodeia uma pessoa ou coisa», e não áurea, significando «dourada» ou «brilhante». Ademais, a frase, naquela posição, pede um nome e não um adjetivo. O mais provável é que a confusão ocorra pela paronímia, isto é, pela proximidade gráfica e fonética de ambas as palavras, mas cabe perguntar-se até que ponto a confusão não poderá provir da expressão «aura de santidade». É que, estando comummente associada à santidade a presença do halo ou da auréola – circunferência luminosa, colorida, brilhante, áurea – quem sabe a confusão não possa advir daí…