Títulos iguais não significa que os documentos em causa sejam sinónimos, como se recorda neste texto do jornalista Wilton Fonseca, na sua coluna no diário i, de 14 de fevereiro de 2013.
Os jornais [portugueses] destacam a «convergência» que se vive no PS e o facto de o segundo “Portugal Primeiro” (mais tarde nomeado “Documento de Coimbra”) ter o mesmo título do primeiro “Portugal Primeiro”, o de Passos Coelho. Não pretendo ler nenhum dos documentos, mas recuso-me a acreditar que sejam documentos «sinónimos», como alguns jornalistas referiram. Se de sinónimos se tratasse, teriam o mesmo sentido ou um sentido equivalente um ao outro. Espero que não, e que haja apenas uma identidade de títulos, e não de substância.
Quando duas realidades têm o mesmo nome, estamos perante homónimos. São escritos e pronunciados da mesma maneira, mas têm sentidos diferentes. Estes podem ser esclarecidos se tivermos em conta os respectivos contextos: canto (do verbo cantar) e canto (ângulo, um determinado espaço).
Neste contexto é preciso ainda ter em conta os homógrafos, com sentidos e pronúncias diferentes: bola (esfera) e bola (de carne). Em alguns casos foi necessário introduzir acentos gráficos para distinguir os homógrafos, que assim são muito apropriadamente chamados de homógrafos imperfeitos: sábia (plena de sabedoria) e sabia (do verbo saber).
O segundo “Portugal Primeiro”, além de ter criado uma nova disposição de ânimo nas hostes socialistas, não constituiu portanto um caso de sinonímia com o primeiro, mas sim de homonímia mal resolvida, com conteúdos (espera-se) longe de uma não desejada homografia.