Sobre a responsabilidade acrescida da agência Lusa no que toca a boas práticas de redacção — um artigo de Ana Martins no Sol.
Sem querer fazer deste espaço uma coutada de caça ao erro, tenho trazido para reflexão vários temas com recurso a diferentes exemplos de erros e abusos linguísticos, retirados de vários jornais portugueses.
Dei agora conta de que nunca referi nenhum caso retirado de textos da agência Lusa. Calculei que uma entidade que produz notícias e que as distribui pelos diversos órgãos de comunicação social, nacionais e internacionais, mediante remuneração, procura entregar um produto de qualidade ortográfica e gramatical.
Enganei-me: só numa notícia, «Macau: Comunidade critica política de divulgação da língua e cultura portuguesas» (20/10/08), encontrei cinco erros:
«Amélia António, trás livros de Portugal…» — a troca de trás por traz é um erro da escolaridade (muito) básica;
«… está no caminho errado pela ausência de estratégias comuns…» — devia estar escrito: «devido à ausência»;
«… defende que os livros enviados para Macau "estejam isentos de encargos...» — a construção correcta era «deviam estar "isentos…"»
«… desempenhar um serviço público a uma comunidade que está longe…» — diz-se «desempenhar um serviço junto de» ou «em benefício de»; ou, então, «prestar um serviço a alguém»;
«Miguel Fialho Brito remeteu qualquer comentário a estas críticas para o IPOR»: o que o senhor disse, certamente, é que não fazia «qualquer comentário», isto é, que remetia «todos os comentários» para outrem.
Os erros da Lusa são particularmente gravosos porque são reproduzidos — e amplificados — na imprensa escrita.
Artigo publicado no semanário Sol de 25 de Outubro de 2008, na coluna Ver como Se Diz.