No espaço noticioso em linha Notícias ao minuto cita-se o texto de um vídeo de animação da GNR, com conselhos aos alunos em contexto de covid-19: «Se quiseres, podes cantar uma canção. Quando a música acabar, as tuas mãos terão bem limpinhas» e, mais adiante, «Quando tiveres triste ou zangado, não tenhas medo de dizer».
O que se guarda do texto não são, infelizmente, os conselhos, mas o profundo descuido com a língua, para não dizer desconhecimento, porque não se quer acreditar que este possa ser a causa do sucedido.
Na oralidade, é frequente a redução do verbo estar à forma sincopada ‘tar’. Trata-se de uma simplificação frequente, típica de um registo familiar ou informal, mas imperdoável num registo escrito.
Parece ser este o fenómeno presente nos textos citados. A oralidade sobrepôs-se à escrita, mas foi ainda além porque a forma estarão, na oralidade, surge reduzida a ‘tarão’. Mas, no texto citado, o erro tem outra extensão mais grave porque a forma usada é ‘terão’, o que denuncia uma confusão entre o verbo ter (que tem a forma terão, no futuro) e o verbo estar. Já a forma ‘tiveres’ é resultado da redução de estiveres.
Se o texto estava no vídeo da GNR, este já foi corrigido, mas o mesmo não aconteceu no jornal em linha, que é o responsável pelos erros ou deles fez eco.
Escrever implica um ato de responsabilidade para com a língua e para com os leitores, que aqui foi, grosseiramente, desrespeitado.