Os falsos cognatos ou falsos amigos são uma realidade para a qual qualquer tradutor tem de estar em permanente alerta e nunca facilitar. Traduzir do inglês patron por patrão pode parecer óbvio e intuitivo mas revela-se uma armadilha. O presumível erro – já que não o cotejei com a versão original – encontrei-o no guia de viagens da Porto Editora, publicado em 2012 e dedicado à cidade de Barcelona, uma tradução do original inglês de Michael Ivory. Nas páginas dedicadas ao Park Güell, uma das principais atrações daquela cidade, pode ler-se: «O cume rochoso, com vista magnífica sobre Barcelona e o Mediterrâneo, foi comprado em 1895 pelo patrão de Gaudí, Eusebe Güell […]» (p. 88). Ora, na verdade, Eusebe Güell, cujo apelido dá o nome ao parque, não foi o patrão do renomado arquiteto catalão Antoni Gaudí mas, sim, o seu patrono, protetor ou mecenas… Bastaria recorrer ao dicionário da mesma casa editora disponível em linha para não se cair em semelhante esparrela…