É cada vez mais frequente, entre quem fala e quem escreve nos “media” portugueses, o desconhecimento do conjuntivo. Veja-se esta frase, proferida há dias, na SIC, pelo jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho:
«Não deixa de ser curioso que a federação inglesa, assim que terminasse o jogo, tente que Figo seja castigado. Não deixa de ser curioso que Carlos Alberto Parreira, sabendo que o Brasil se pode encontrar com Portugal, já está a tecer comentários sobre o jogo de Portugal. Parece que a selecção nacional está a incomodar as outras selecções…»
Correctamente, deveria ter sido dito o seguinte: «Não deixa de ser curioso que a federação inglesa, assim que o jogo terminou, tivesse tentado que Figo fosse castigado. Não deixa de ser curioso que Carlos Alberto Parreira, sabendo que o Brasil se pode encontrar com Portugal, já esteja a tecer comentários sobre o jogo de Portugal.»
A expressão «não deixa de ser curioso que... » leva o verbo para o conjuntivo, mas esse conjuntivo deverá ser um presente se estiver ligado a um outro presente e deverá ser um pretérito se estiver ligado a um pretérito.
Assim, na primeira frase, a construção «tivesse tentado» (pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo) surge em correlação com «terminou» (pretérito perfeito do indicativo). E, na segunda frase, a construção «esteja» (presente do conjuntivo) surge em correlação com «sabendo» (particípio presente).