Paulo J. S. Barata dá conta de mais um caso de confusão entre sobre e sob, desta vez, com um resultado semântico totalmente absurdo.
«[…] aguaceiros sobre a forma de neve»¹
Obviamente que o que deveria ter sido dito era aguaceiros «sob a forma de neve», aguaceiros «em estado de neve». Ou seja, que foram submetidos a uma determinada ação ou efeito – a ideia de subordinação, de sujeição, de «estar debaixo de» – que os transformou em neve. E nunca «sobre a forma de neve», preposição que expressa de um modo geral uma situação de superioridade e cujo uso ali não faz qualquer sentido.
Como se percebe, estas são até palavras antónimas, já que sobre, do latim super, significa «por cima de» e sob, do latim sub, significa «debaixo de».
¹ Rubrica “O Tempo”, da RTP1, 4 de abril de 2013.