O provedor do leitor do Público não se tem cansado de chamar a atenção do jornal para a catadupa de erros linguísticos e culturais que assolam as páginas do diário. Sem resultados, como sabem os leitores habituais. Descobrir um erro linguístico no Público é mais fácil do que resolver um sudoku. Por isso, já nem como passatempo funciona.
Mas há atentados linguísticos que não podem passar em claro, como o desta notícia de 30 de Abril em que o Público acusa a polícia afegã de ter «levado a cabo um atentado». Deixo de lado a má opção estilística do «levar a cabo», certamente resultado de alguma nebulosa dúvida que acabou por não ser iluminada – isto de um corpo de polícia cometer atentados não é nada fácil para um jornalista desprevenido. Como se isso não bastasse, três membros dos serviços de segurança morreram porque «não resisitiram ao atentado», o que acrescenta a azelhice ao crime. Para o crime ser completo, também morreram dois civis inocentes: uma mulher e uma criança.
Espero que o autor da notícia e o responsável que a deve ter editado já tenham percebido que as polícias não cometem atentados. Nem sequer os «levam a cabo». Os atentados são actos criminosos. Em boa verdade, as polícias nem podem desferir «ataques» destinados a executar suspeitos em fuga. As polícias efectuam operações de captura e apresentam os capturados em tribunal. É assim que as coisas funcionam nos Estados de direito.
O mais caricato é que, na mesma notícia, qualifica-se repetidamente o atentado contra o presidente do Afeganistão como um «ataque». Ou seja, na óptica do Público, no Afeganistão, a polícia comete atentados, e os talibãs desferem ataques. Querem ver que a Al Caida já se infiltrou no Público?...