Esta é daquelas gralhas danosas. O que pretendia ser vestuário surge grafado como vestiário!? Aconteceu no jornal diário gratuito Metro, numa notícia sobre a exposição mediática na Internet, em que uma mãe escreve sobre a filha:
«Noutra noite, descobri que me tinha Googlado via “Google Imagens”, para me mostrar a uns amigos novos. O que descobriu foram algumas fotos de mim em lingerie que acompanhavam um texto sobre vestiário feminino» (Metro n.º 1688, de 26 de junho de 2012).
Deixo de lado o controverso «googlado» e centro-me no vestiário que devia ser vestuário. Como na notícia constava o endereço do texto original em inglês ainda lá fui tentando fazer a arqueologia do erro. Improfícuo: o texto em inglês tem significativas diferenças, pelo que deduzi ter havido um bom trabalho de tradução e adaptação por parte do Metro. Eis senão quando a razão do erro está ali mesmo à frente dos olhos: é que as letras i e u da segunda sílaba de ambas as palavras encontram-se lado a lado nos teclados QWERTY. Explicado: uma troca inadvertida de letras contíguas ocasionou aquela inusitada paronímia. Apetece-me agora tropeçar no v inicial e trocá-lo pelo b, letras também elas dispostas lado a lado naquele teclado, e transformar o vestiário em bestiário. É que esta gralha era, sem dúvida, digna de figurar num qualquer bestiário de gralhas...