Em declarações1 ao enviado da RTP-1 que acompanha a visita do Presidente da República português à Índia, Cavaco Silva, falando em Goa, referiu-se à flexissegurança (o conceito de mobilidade do mercado de trabalho sem desproteger os trabalhadores), tendo aquela palavra aparecido escrita em legenda da seguinte forma:fexisegurança
Trata-se de uma palavra relativamente recente, que tem sido escrita nos meios de comunicação social de diversas maneiras: flexissegurança (a forma recomendada), “flexi segurança”, “flexisegurança” e, até “flexigurança”.
É de considerar correcta e recomendada a forma flexissegurança, dado traduzir adequadamente o conceito em causa (flexibilidade e segurança) e respeitar a estrutura da língua portuguesa, pois mantém inalterada a palavra essencial (segurança), à qual se junta o radical flex- (do latim ‘flecto’) que contém a ideia de flexionar, mover, mudar, modificar.
Não deverá ser escrita a forma “flexi-segurança”, dado o composto morfológico com a vogal de ligação “i” pedir a união total da palavra, nem a forma “flexisegurança”, pois exigiria a pronúncia “z” do “s” entre duas vogais, o que feriria a pronúncia de segurança.
Quanto à palavra “flexigurança”, há quem a considere correcta, como uma amálgama de flexibilidade e segurança: as amálgamas são unidades lexicais que resultam da associação de partes de outras palavras, como, por exemplo, credifone (crédito + telefone) ou cibernauta (cibernética + astronauta). No entanto, neste caso, também não é aconselhável esta palavra, pois trata-se de um empréstimo directo da palavra inglesa “flexicurity”, cuja adaptação literal suprime parte do radical da palavra portuguesa segurança, essencial no conceito em causa, não podendo, portanto, esse radical ser assim ferido.
Para além de que Cavaco Silva, ao falar, falou em flexissegurança – e não em “flexigurança” como, abusivamente, escreveu a enviada do “Diário Económico”, escrevendo portanto o que não ouviu…
1 a 14 de de Janeiro de 2007