Um jornal português teima em erros semelhantes em duas páginas consecutivas, confundindo vêm com veem (ou vêem, na anterior ortografia). Um apontamento de Paulo J. S. Barata.
«A Finlândia, que parece liderar os ortodoxos e bem comportados países do norte da Europa – pelo menos é assim que eles se vêm a si próprios – avisou mesmo os cipriotas para terem juízo e seguirem o excelente exemplo finlandês» (p. 3).
«Já o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, sublinhou que “os novos objetivos do PENT prevêm o crescimento médio anual de 3,1% de dormidas […]» (p. 4).
[in jornal OJE de 3 de abril de 2013.]
Foram logo dois os tropeções gramaticais em duas páginas consecutivas. Ambos têm a ver com a recorrente confusão entre os verbos vir e ver, e no segundo caso também com prever, derivado de ver e com uma conjugação semelhante. Ora, vêm é a terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo vir, e vêem/prevêem (na antiga ortografia) são as terceiras pessoas do plural do presente do indicativo dos verbos ver e prever. Formas que perderam o acento circunflexo no primeiro e, grafando-se veem e preveem, depois da aplicação do disposto no n.º 7 da Base IX do Acordo Ortográfico de 1990, que suprimiu aquele acento nas formas verbais paroxítonas contendo um e tónico oral fechado em hiato com a terminação -em da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo.
Um duplo erro, na antiga ou na nova ortografia (a seguida pelo jornal em causa).