Se cumprisse minimamente as atribuições custeadas pelos 10 milhões de contos que recebe do bolso dos contribuintes, a rádio portuguesa dita de serviço público RDP começaria por ser um modelo do português aí falado. Nas vozes como na pronúncia (não passa por ai o crivo do acesso a um microfone?), mas também na propriedade vocabular e na correcção sintáctica. Era o mínimo, porque, noutras sintonias (como a BBC de Londres, em relação ao inglês, por exemplo), a perfeição é a meta e a elegância o requisito básico de qualquer profissional que se preze.
Mas como em Portugal não há qualquer política da língua senão na conversa fiada dos gabinetes oficiais, a RDP permite-se por isso manter no ar gente que nem do verbo haver sabe o bê-a-bá mais elementar. Todas as manhãs, lá vem o repórter de serviço ao trânsito em Lisboa com vários "houveram" em cadeia a precisarem de prolongado regresso aos bancos da escola.
Que admiração então, logo a seguir, que apareça em promoção oficial da estação uma voz (uma voz como já nem se ouve numa rádio minorca qualquer) a anunciar os feitos próximos da "Expó" 98?
P.S - Já agora, um pedido: na RDP (mas igualmente no restante audiovisual português, onde a moda pegou também), passem todos a dizer "expósição". Ou "expôsição" para aqueles que preferem a variante "Expô". Por uma questão de coerência.