A propósito da mais recente polémica sobre a arbitragem no futebol português, numa crónica intitulada A estranha sensibilidade cromática de João Ferreira, publicada no Diário de Notícias de 23 de Agosto de 2011 (p. 36), pode ler-se: «Mas seria pouco sério aproveitar isso [a arbitragem] para apontar o dedo ao Sporting neste inesperado boicote promovido pelo árbitro João Ferreira e secundarizado pelos demais juizes do futebol profissional no pior exemplo corporativista do sector.»
Dou desde logo de barato a falta de acentuação da palavra juízes que tentei escrever sem o correspondente acento agudo, e o processador de texto Word, no qual escrevo, diligentemente verificou o erro e sem delongas o corrigiu, de acordo com o dicionário e as regras de origem do programa. A questão aqui, mais grave, ainda não detectada pelos correctores, e para já só remotamente detectável, mesmo no futuro, por um qualquer corrector sintáctico avançado, tem que ver com o verbo secundarizar, naquele caso erradamente utilizado. O que se queria dizer era obviamente secundar, ou seja, apoiar, coadjuvar, e não secundarizar, isto é, tornar secundário ou diminuir a importância ou o valor, cujo uso, neste contexto, ainda por cima, confere à frase um sentido oposto ao que se pretende.
É óbvio que o primeiro erro, pelas razões apontadas, me parece um caso de desleixo e de negligência com um instrumento que utilizamos, a língua, uma vez que nem precisamos de saber/conhecer, basta ter o cuidado de accionar as ferramentas linguísticas disponíveis que trabalham por nós. Já o segundo parece-me um caso de desconhecimento que num jornal só se combate com um trabalho de copidesque rigoroso que, obviamente, uma publicação que se quer de referência como o DN deveria ter.