«No sábado empocharam novo troféu e com o maior mérito», referia Alberto do Rosário, a propósito da conquista da Supertaça por parte do Futebol Clube do Porto, na coluna Bilhar Grande (Record, 12 de agosto de 2013, p. 40).
Ainda que o verbo esteja dicionarizado, por José Pedro Machado, no seu Grande Dicionário da Língua Portuguesa e, na mesma esteira, pelo Dicionário Global, quase decerto por cópia do primeiro, está-o com uma clara ressalva: «galicismo de uso condenável, pois só há vantagem em o substituir por embolsar».
Apesar disto, confesso que me surpreendeu o seu uso sob a forma escrita e sem ao menos um itálico ou umas aspas que o modalizassem. É bem certo que o usamos coloquialmente em situações informais ou de menor formalidade, mas daí a passá-lo à escrita, e sobretudo à escrita nos media, vai um passo, exatamente aquele que o Record agora deu. Percebo que o “empochar”, proveniente do francês empocher, ou seja, «embolsar», acabou por ganhar em Portugal uma vincada carga conotativa que o embolsar não adquiriu, mas, mesmo assim, não creio que se justifique o seu uso, dada a existência daquele equivalente linguístico rigorosamente simétrico. Seria, ainda por cima, quase uma palavra órfã, já que seguramente nenhum de nós vai começar a dizer poche em vez de bolsa, ainda que já tenhamos, porventura por falta de alternativa, a inefável pochete…