A boa ideia é a adaptação para crianças do libreto de A Flauta Mágica, (Edições Hipòtesi/Kalandraka Editora). O livro tem ilustrações sugestivas e contém um CD com trechos da ópera.
A má execução está nos erros ortográficos, lexicais e sintá©ticos.
Eis algumas passagens.
«A partir desse momento, Tamino avançou cuidadosamente com atenção a cada passo. Apesar do seu sigilo de repente, o príncipe sentiu um bafo quente no pescoço, (…)» |
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Sigilo não é sinónimo de “silêncio”. Sigilo significa «silêncio sobre um assunto que nos foi confiado». Este sentido não tem qualquer enquadramento aqui.
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«Tamino correu para salvar a vida, mas golpeou-se com um galho e ficou estendido no chão.» |
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A preposição faz a diferença: «golpear-se com um galho» é uma acção voluntária, realizada pelo próprio sujeito. «Golpear-se num galho» é uma acção fortuita e externa ao sujeito. Tamino, ao fugir, golpeou-se num galho, portanto.
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«Tamino ficou imediatamente embasbacado, arrebatado, desatinado, encantado! A cara da princesa era tão bela que não conseguia articular uma palavra.»
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Quem não consegue articular palavra é Tamino. No entanto, o sujeito da subordinada consecutiva é «a cara da princesa».
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«Papageno rodeou os edifícios, chegou até ao jardim e empoleirou-se no muro. Contudo, uma vez tendo saltado para dentro, (…)» |
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1.“até” deve ser suprimido: «chegar até a» induz na realização de um percurso ( ou fase de um percurso) que culmina – o que não é o caso. 2. «uma vez» não pode co-ocorrer com «tendo saltado»: ou «uma vez lá dentro» ou «depois de ter saltado lá para dentro». Percebemos, pelo contexto, que «uma vez» se deve combinar com o aspecto resultativo, equivalendo então a um adverbial (com indicação de posterioridade temporal).
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«Papageno, por sua vez, apercebeu-se de que a rapariga que até à um instante o homem detinha, era a princesa Pamina.»
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Para além da falta da vírgula, o erro clássico: à por há. |
«Quem sabe a Rainha estava a usa-lo (…)»; «Ela baixou o rosto por um momento e voltou a levanta-lo (…)»; «(…) que também andava a procura-los»; «auxilio».
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Devíamos ter: «usá-lo»; «levantá-lo»; «procurá-los»; «auxílio». |
«(…) mas Pamina não pode voltar à Rainha da Noite.”
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Devíamos ter: «Pamina não pode voltar para junto da Rainha da Noite.»
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«E continuaram caminhando sem fazer caso ás venenosas palavras das damas vestidas de negro (…).»
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às e não “ás”; em todo o caso, é: «(não) fazer caso de». |
Já na nota biográfica de Mozart escreve-se: «A essa idade [Mozart] realizou uma volta de concertos por distintas cidades europeias (…)»
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1. A preposição correcta é em ou com. 2. «Uma volta de concertos» deve ser a forma escolhida para dizer que Mozart em criança, percorreu os principais centros musicais da Europa, exibindo as suas qualidades de intérprete.
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«Aos quinze anos já tinha composto sinfonias, peças para clave, (…)» |
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O contexto leva-nos a crer que “clave” é um instrumento musical, mas não é. Clave (de sol, de fá e de dó) é aquele sinal que se coloca no início da pauta. |
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