Com a aproximação de eleições, é habitual encontrarmos os típicos cartazes que nos mostram “Portugal no seu melhor” pelos erros, incongruências ou calinadas que apresentam.
Já no domínio das eleições à candidatura à Presidência da República, que se realizarão em 2021, as campanhas eleitorais anteriores habituaram-nos a esperar um nível linguístico mais elevado. Parece, porém, que até os melhores hábitos se vão perdendo.
Foi o caso da apresentação pública da candidatura do deputado do Chega à Presidência da República, em Portalegre – cujo cartaz tinha não um, não dois, mas três erros garrafais na respetiva legenda: «... Á PREVIDÊNCIA DA REPUBLICA».
Sobre o primeiro, já muito se disse e todos sabemos que parece estar na moda. Há quem se justifique afirmando que é por causa dos teclados dos computadores – mas a verdade é que a mesma tecla que tem o acento agudo também tem o acento grave.... Recordemos, então, para os mais distraídos: o acento é grave (à), para marcar a contração da preposição a com o artigo definido a. A forma "á" só existe como designação da primeira letra do alfabeto.
O terceiro erro é também uma questão de acento. Se é à República que o candidato se candidata tem de colocar um acento no -ú- . Se o que se pretende é usar o verbo republicar e com a forma republica assinalar que o que vai acontecer é uma reedição de outras coisas que já foram vistas, então está bem assim. Candidatemo-nos, pois, à republicação....
Já o segundo erro é uma gralha que não é pequena. A troca de previdência por presidência é demasiadamente estranha para não nos levar a outras inferências: será esta uma candidatura a um cargo de pitonisa da República? Ou será uma candidatura que pretende, com intuitos pouco republicanos, ocupar o espaço de precaução que qualquer República deve ter?
Seja como for, aconselhamos o Chega e, em particular, o seu líder a abrirem, desde já, uma urgente candidatura a revisor linguístico. A bem da previdência e do respeito pela língua da República.