A respeito da disciplina de Português e do ensino da gramática, João de Brito, professor em Vila Real, comenta as posições de Luís Osório e Sandra Duarte Tavares num texto enviado ao Ciberdúvidas.
A propósito de Abertura Estudar gramática é crime? (27.02.2013), gostaria de acrescentar o seguinte: Luís Osório e Sandra Tavares protagonizam, nesta polémica, o equívoco que, nas últimas décadas, tem prejudicado o tratamento escolar da língua. Luís Osório, notoriamente, desconhece que, nos primeiros ciclos, pelo menos, a esmagadora maioria dos professores tem agido como se pensasse o mesmo. Durante décadas, limitou-se a dar o texto narrativo e a desenvolver atividades de leitura. Houve um grande incremento das bibliotecas escolares. Há o Plano Nacional de Leitura. E os bons resultados foram testados em avaliações internacionais e reconhecidos por escritores, muitos dos quais circulam frequentemente pelas escolas. Sandra Tavares, provavelmente, participa na tentativa que, nos últimos anos, procura repor o ensino da gramática nas escolas. E é aqui que a escola tem falhado, rotundamente. Durante muito tempo, não se ensinou gramática, por se considerar uma chatice. Presentemente, procura-se reabilitá-la. Mas a via descritiva, oficialmente adotada, em desfavor da funcionalidade, atrapalha bastante e, aparentemente, dá razão aos seus detratores.
Resumindo e concluindo, Luís Osório é injusto e está errado. Injusto, porque a leitura tem sido mais que privilegiada pela escola. Errado, porque a gramática tem sido o parente pobre das aulas de Português. Desgraçadamente! E sabe porquê, sr. Luís Osório? Porque não é com literaturas que se desmontam os enunciados de matemática, por exemplo! E sabe porquê, sr. Luís Osório? Porque os enunciados de matemática são uma questão de lógica e não de arte! E sabe porquê, sr. Luís Osório? Porque a lógica está na sintaxe e não na narrativa. E muito menos na poesia! Se calhar, é por isso que somos um país de bons escritores e melhores poetas… e ainda bem. Se calhar, é por isso que somos um país de maus gestores e piores políticos… e ainda mal.