O senhor Vasco Baptista Mendes, correspondente de Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, teve a amabilidade de fazer, por via cibernética, o que outras pessoas preferiram fazer por vias normais (que, para mim, com mais de 70 anos, são a carta ou o telefonema).
Devo confessar, com a maior simpatia pelo interesse, que o jovem (jovem será, por certo, a avaliar pela preferência cibernética) e os seus argumentos não me fizeram duvidar da força e razão dos meus. Até o exemplo escolhido pelo sr. Baptista Mendes – o triplo salto – me soa a argumento arranjado em desespero de causa, uma vez que, longe de repelir, como condição «sine qua non» para que possa chamar-se triplo, a necessidade técnica de ser executado em três saltos independentes, mas sem paragem, efectuando o segundo na sequência do primeiro e o terceiro na sequência do segundo, as regras do atletismo impõem essa consecutividade. Logo, se o sr. Mendes, ou outro atleta qualquer, efectuar, três saltos na mesma sessão de atletismo, poderá dizer que efectuou um triplo salto, mas não no sentido que a expressão «triplo salto» adquiriu na modalidade desportiva do atletismo. O que ele quererá dizer, nesse caso, é que saltou três vezes.
Em desabono do resto da sua tese, para defesa da qual não apresenta nenhum argumento minimamente relevante, lembro-lhe que o Brasil é tetracampeão do Mundo em Futebol (falharam, este ano, o penta) não obstante os títulos não terem sido alcançados em campeonatos do Mundo consecutivos.
Para fechar, gostaria de fazer ao sr. Baptista Mendes, e aos que, porventura, pensem do mesmo modo, esta pequena «judiaria»: Quando o F.C. Porto, ou outro qualquer clube, ganhar o seu 14.º título consecutivo, como é que vão chamar-lhe?
Dou uma ajudinha: catorze, em grego, diz-se tessareskaideka...
Título da responsabilidade do Ciberdúvidas. Este texto é a resposta ao de Vasco Baptista Mendes, Tetra, penta e outros que tais.