Suspensa a Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário resta saber se fica em vigor a nomenclatura de 1967
A vasta contestação, no plano científico e jurídico, à Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS) levou o Ministério da Educação a anunciar que iria suspender, a partir do próximo ano lectivo, através de uma portaria que será publicada este mês, a experiência pedagógica em curso nalgumas escolas, relacionada com essa nova terminologia.
O anúncio oficial foi feito pelo secretário de Estado-adjunto da Educação, Jorge Pedreira, no dia 26 de Janeiro, e não coincide exactamente com o que no dia anterior tinha afirmado à Lusa o arquitecto José Nunes, primeiro subscritor de uma petição, que reuniu mais de oito mil assinaturas, a reclamar a suspensão da TLEBS: à saída do Ministério, José Nunes disse aos jornalistas que o secretário de Estado tinha garantido que a experiência iria ser interrompida imediatamente.
O que esta medida, tal como foi anunciada, não interrompe, é o imbróglio e a polémica que têm rodeado a nova terminologia linguística. Em primeiro lugar, sendo revogada a portaria de 2004 que aprovava a TLEBS, resta saber se o que fica em vigor é a nomenclatura de 1967 ou se a ausência de uniformização e o eclectismo terminológico que se instalaram no ensino da língua portuguesa nas últimas décadas vão continuar.
Também muito mal esclarecida está a tarefa dos dois professores - o linguista João Costa, da Universidade Nova, e o estudioso de literatura e teoria literária, Vítor Manuel Aguiar e Silva, da Universidade do Minho - que o Ministério designou para “promover a revisão científica da Terminologia” ou para a submeterem a “uma leitura crítica global”.
As duas tarefas assim designadas não são exactamente coincidentes. Recorde-se que vários intervenientes na polémica levantaram uma questão de incompatibilidade: João Costa é marido de uma das co-autoras da TLEBS e consultor científico de uma gramática, editada pela Lisboa Editora, que já introduz a nova terminologia.
Com toda a discussão gerada, algo se tornou bastante claro, mesmo para os leigos nesta matéria: é necessária - e tem carácter de urgência - uma terminologia linguística uniformizada e actualizada.
In "Expresso", 3 de Fevereiro de 2007