Implemento é português lídimo – já existia, pelo menos, em 1731, segundo o Dicionário de Morais --, enquanto implementar é um neologismo do inglês "to implement". E enquanto o substantivo implemento até caiu em desuso, o verbo implementar pegou, está na moda (especialmente entre os especialistas das generalidades e das frases feitas), serve para tudo e para nada. Isto é: não serve para coisa nenhuma. Por isso, volto a repetir: é um neologismo mal-formado e sem sentido na língua portuguesa. Como muitos outros, quase sempre por arrastamento do inglês.
Mal-formado,. não no sentido gramatical lato – "contextualizar", "conceptualizar" e outros exemplos do economês mais balofo também estão "bem-formados" nesse aspecto –, mas do ponto de vista semântico.
:Sem sentido, porque quem o emprega fá-lo sem a preocupação mínima de adequar o significado ao significante. E quem fala ou escreve na comunicação social é porque quer fazer-se entender. Se o não o faz de forma simples, fácil e apropriada, só mostra incompetência na função que escolheu. E um grande ignorância no manejo, afinal, do seu principal instrumento de trabalho, que é a sua própria língua.
O caso do implementar, na minha opinião, é dos mais exemplares do laxismo dominante nesta matéria. É, na minha opinião, um caso flagrante da introdução acéfala de estrangeirismos perfeitamente desnecessários entre nós. Em vez de enriquecer o português – ou porque não havia, de todo, o novo termo, ou porque deu novas variantes --, pelo contrário só a veio empobrecer. Até parece que já não há executar, efectuar, realizar, cumprir, pôr em execução, dar seguimento a, levar a efeito, etc., etc.! Lá está: é mais fácil debitar o modismo do que puxar pela cabeça e tornar a mensagem mais clara, concisa e de rápida compreensão. De forma imaginativa e elegante, inclusive.
Quanto ao resto – do "despoletar" ao "haverem" – não podíamos estar mais de acordo. Basta ler o que eu próprio tenho subscrito.
E muito obrigado pelas suas correcções e demais sugestões.