Ainda: sobre alguns prós e alguns contras do Acordo Ortográfico e sobre os recursos disponíveis para bem escrever em função das novas regras.
Após este longo período de discussão sobre o novo Acordo Ortográfico (17 anos!), estão à mostra as fragilidades: o Acordo limita-se a oficializar grafias facultativas (tanto se pode escrever amígdala, como amídala, desinfeção como desinfecção, úmido como húmido); faz depender a grafia da pronúncia-padrão, apesar de no Brasil e nos PALOP ser muito difícil assentar numa única pronúncia-padrão; consagra no papel — mas ignora na prática — a elaboração de um vocabulário comum da língua portuguesa que assegure a aplicabilidade inequívoca das regras enunciadas.
Mas é inegável também que o Acordo traz algumas comodidades: por exemplo, alivia o quebra-cabeças do uso do hífen (é sub-secção ou subsecção?) e facilita as regras de acentuação na conjugação verbal (porquê adeqúe, com acento, e adequa, sem acento?).
E agora que o presidente da República Portuguesa promulgou o Acordo e que o Brasil o vai efectivar já a partir de Janeiro, há os que vão amuar, os que continuarão a militar na causa "antiacordonista" e os que vão escrever segundo as novas regras.
Para estes, o ILTEC (Instituto de Linguística Teórica e Computacional) tem disponível no seu sítio a lista das palavras cuja grafia vai mudar (uma percentagem mínima), incluindo as formas conjugadas dos verbos, assim como a lista de todas as regras ortográficas alteradas, a que se anexam exemplos. Existe também uma versão em livro, com a chancela da Caminho.
Artigo publicado no semanário Sol de 6 de Setembro de 2008, na coluna Ver como Se Diz.