A Imprensa, o audiovisual e os comentadores políticos não se calam quanto à «tragédia “humanitária”» resultante da guerra contra o Iraque, que parece iminente e inevitável. A propósito da tragédia que se abaterá sobre os iraquianos estamos todos de acordo. Desde os que acham no mínimo estranha esta preocupação dos EUA pela segurança mundial, pelo respeito dos direitos humanos do povo do Iraque e pelo cumprimento da Resolução do Conselho de Segurança da ONU (quando ali mesmo ao lado do Iraque há um campeão do mundo na violação das ditas resoluções), até aos que alinham denodadamente nesta grande frente pró-“eixo do Bem”. Mas como é que uma tragédia pode ser humanitária!? Ou há guerra, e haverá necessariamente tragédia… humana – à semelhança de outras desgraças e misérias humanas planetárias –, ou o belicismo dominante dava lugar a uma acção qualquer em prol da humanidade. Aí, sim, humanitária. Porque humanitário é o que «ama os seus semelhantes», que «é compassivo para com as outras pessoas».
N.E. (agosto de 2021) — A confusão no emprego de ambos os adjetivos voltou a ser recorrente com o regresso a poder dos talibãs no Afeganistão e o cenário subsequente em matéria dos direitos das mulheres, nomeadamente. Erradamente, por exemplo, quando se refere que a ONU alerta para crise humanitária no Afeganistão e certo quando se escreve "Tragédia Humana iminente" no Afeganistão, ou no caso do acolhimento de refugiadas afegãs: Empresas portuguesas que querem contratar afegãs dizem que vai ser aberto corredor humanitário.