À volta do sinal de pontuação parênteses – ou, também, parêntesis – e da sua (des)acertada prolação numa sala de aula em Luanda, nesta crónica do autor no semanário "Nova Gazeta", do dia 4 de setembro de 2014.
A pontuação tem sido uma das questões mais problemáticas nas salas de aula e que, às vezes, me levam a pensar que o que os alunos melhor sabem fazer é usar o ponto final, que também tem sido substituído por um tal de ‘ponto parágrafo’. Mas este é tema para uma outra aula.
Não vou falar da vírgula depois do sujeito, sobretudo quando o sujeito é longo. Dá a impressão que querem tornar o texto mais bonito, mais pausado, ou simplesmente porque se sentem obrigados a usá-la. É o que me pareceu ter acontecido na frase «todas as instituições de ensino superior privadas, devem ter a situação regularizada».
Quem escreveu tal frase sentiu (ou terá sentido) a necessidade de colocar uma vírgula depois de «todas as instituições de ensino superior privadas,...» porque, presumo, o sujeito é extenso.
Outra coisa que também me chama a atenção, e isso me levou a pensar que o Ministério da Educação deve apostar na formação dos docentes a todos os níveis, sobretudo os de português e de matemática, são os ‘parentes’.
Não me refiro aos pais ou encarregados de educação, mas ao sinal de pontuação, parênteses, de origem grega (parénthesis), ou latina (parenthĕse), que deve ser pronunciado como uma palavra de quatro sílabas ‘pa-rên-te-ses’, e não como o trissílabo ‘pa-ren-tes’.
Por isso, dizia numa turma do 12.º ano, é que, na escola, as coisas não podem ficar nem entre ‘parentes’ nem entre família. E se cometerem algum erro na prova, para não rasurarem o enunciado, coloquem os lapsos entre parênteses, cujo símbolo é: ( ).
texto publicado no semanário luandense Nova Gazeta, no dia 21 de agosto de 2014, na coluna do autor, Professor Ferrão. Manteve-se a grafia anterior ao Acordo Ortográfico, seguida ainda em Angola.