As seleções de futebol que empataram nos jogos disputados na Copa Brasil 2014 averbaram empates. É o que se chama terem sido uns verdadeiros empatas. E, ao empatarem, nem foi “contra”, nem “a favor”, nem “ante” ou “perante”. Um verbo e seus derivados nesta crónica de Wilton Fonseca, no jornal i de 10/07/2014.
Numa altura em que o Mundial [de futebol, no Brasil] já não admite empates e que os prematuramente regressados heróis lambem as feridas, refrescam as tatuagens, assinam contratos de publicidade e estudam novos cortes de cabelo, parece ser oportuno dedicar algum tempo aos futuros empates (empatar tempo).
Não se empata “contra”, “a favor”, “ante” ou “perante”. As equipas de futebol empatam. Uma empata com a outra. Empatam “por” ou empatam “em”, embora o livro de estilo dos Diários Associados do Brasil aceite como correcta a frase «A França empatou com a Alemanha de 3 a 3».
Para o jornalista, é mais seguro escrever (ou dizer) «O Benfica e o Sporting empataram»; «O Sporting empatou com o Benfica»; «O Benfica e o Sporting empataram por um a um»; «o Sporting e o Benfica empataram em dois a dois”. A ordem das equipas é indiferente, pois um empate é um empate, e o número de golos também não importa, porque de simples exemplo se trata e o campeonato ainda não começou.
Empatar e pacto têm a mesma origem. Muito utilizado em qualquer tipo de contagem, o verbo significa criar obstáculos e atrasar o desenvolvimento de uma acção ou de um processo; deixar de resolver ou decidir um assunto; gastar tempo com alguém ou alguma coisa; fazer um investimento sem lucros imediatos ou sem nenhum lucro; fixar um anzol à linha com um nó a que se chama ... empate. O conhecido Priberam regista ainda os termos empata-fodas e empata-amigos, substantivos, como não podia deixar de ser. De dois géneros e de dois números.