Introito:
«Era possível a qualquer apanhar com o palavrão na cara e ficar coberto de peste.»
Perdoem-me os mais sensíveis, mas não pude deixar de pensar neste excerto do conto «A palavra mágica», de Vergílio Ferreira.
Cronologia:
17 de junho de 1999, Assembleia da República: o então Ministro da Administração Interna, Jorge Coelho, na discussão parlamentar sobre a recusa do PSD e do PP em fazerem passar a autorização legislativa para um sindicato da PSP, espantou o país, ao «arengar para a bancada da oposição» (José Mário Costa, "Como se fuzila um pacífico haver"): «Os senhores "hadem" vir à razão». Desde então, nunca mais a imagem de Jorge Coelho, perante os portugueses, foi a mesma, e é verdadeiramente impressionante como ainda hoje (bastará, para tal, fazer uma rápida pesquisa via Google) o referido lapso continua a ser motivo de hilariante chacota por esse mundo cibernético fora.
19 de outubro de 2013, SIC: Arménio Carlos, dirigente máximo da CGTP-IN, é vítima da mesma armadilha, ao afirmar, perante os microfones do referido canal privado, «Os autocarros "hadem" chegar, as viaturas "hadem" chegar e todos aqueles que não vieram nos autocarros e nas viaturas […] "hadem" chegar.». Três vezes, para que não restem dúvidas*.
Moral:
E pronto, mais um que se desgraçou!
Da minha parte, só lhe posso desejar a Arménio Carlos boa sorte para o maremoto cibernético que aí vem. Sinceramente, não me levem a mal, mas eu não gostaria de estar no lugar dele.
* A forma correta é hão de, já sem hífen, conforme o Acordo Ortográfico de 1990.